Ricky Martin polemiza ao afirmar: Maria “emprestou seu ventre para que Jesus viesse ao mundo”


"... Assim como coloco num pedestal a Virgem Maria, que emprestou seu ventre para que Jesus viesse ao mundo”.


Em entrevista ao jornal espanhol El País, Ricky Martin defendeu a prática popularmente conhecida como “barriga de aluguel”, mas preferiu usar o termo “empréstimo” e até o atrelou ao mistério cristão da Encarnação de Jesus:

“Eu não aluguei uma barriga. Me emprestaram o ventre e eu coloco num pedestal as mulheres que me ajudaram a criar a minha família. Assim como coloco num pedestal a Virgem Maria, que emprestou seu ventre para que Jesus viesse ao mundo”.

O cantor porto-riquenho é pai de gêmeos nascidos em 6 de agosto de 2008. Na ocasião, não haviam sido divulgados nem o local do nascimento dos bebês nem a identidade da mãe. O assunto teve grande repercussão midiática, chegando-se a especular que Martin teria contratado uma empresa especializada em procurar mães de aluguel, com termos de confidencialidade que garantissem que ela nunca viesse a saber que os filhos seriam criados por ele.

Reações acaloradas

A interpretação de que Nossa Senhora tenha sido uma espécie de “mãe de aluguel” de Jesus está gerando discussões intensas nas redes sociais, particularmente nos países latinos em que Ricky Martin é mais popular.

É preciso levar em conta, no entanto, que é necessário, sim, esclarecer a doutrina sobre a maternidade de Maria e a Encarnação de Jesus, mas preservando sempre a caridade cristã de não julgar a intenção de Ricky Martin, que só ele e Deus conhecem. É preciso distinguir entre julgar um ato específico de alguém e julgar o próprio alguém. O ato de expressar-se com termos errôneos deve ser objetivamente contestado e esclarecido, mas este ato não pode embasar nenhum julgamento que impute ao artista uma leviandade consciente ou um intuito de ofender Nossa Senhora.

Tem havido, lamentavelmente, comentários bastante agressivos contra a pessoa de Ricky Martin nas redes sociais: esse tipo de reação contra pessoas e não contra atos pontuais certamente não agrada à própria Santíssima Virgem, que também é mãe de Ricky Martin e de todos nós.

O erro deve ser claramente indicado e corrigido, com objetividade e imparcialidade. A pessoa que erra deve ser ajudada, não apedrejada.

A Encarnação de Jesus e a maternidade de Maria

A Igreja celebra em 25 de março a Anunciação do Arcanjo Gabriel a Maria e, por conseguinte, também o mistério da Encarnação do Verbo de Deus, já que ambos os episódios da história da Salvação estão intimamente entrelaçados: é o dia em que o arcanjo traz o anúncio à jovem Virgem Maria de que ela conceberá e dará à luz por obra do Espírito Santo. Graças à livre aceitação do plano de Deus pela Virgem Santíssima, Jesus pode nascer: e no momento em que Maria diz SIM a Deus, “o Verbo Se faz carne”, ou seja, o Filho de Deus Se encarna no seio da Virgem Maria, que, portanto, é verdadeiramente Mãe de Deus. Trata-se de maternidade plena e não de “empréstimo” ou “aluguel” algum.

No início do Evangelho de São João, Jesus é chamado de “Verbo”: “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Verbo, do latim Verbum, significa Palavra: a Palavra Viva de Deus, o próprio Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. E o Verbo Se faz carne, isto é, assume a natureza humana, se encarna, vem habitar entre nós como um de nós: verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

É importante observar que Jesus assume a natureza humana inteira, em corpo e alma: quando Jesus se torna humano, Ele não deixa de ser Deus, mas também não se torna só “aparentemente” humano: Ele vai nascer, chorar, precisar de cuidados da mãe Maria e do pai adotivo José, dos avós Ana e Joaquim… Ele vai crescer, aprender, trabalhar, sofrer, experimentar a fome, o cansaço, o medo, a angústia, a tentação, a dor física. Sem deixar de ser Deus, Jesus é plenamente homem – porque, para a redenção, era preciso que um homem carregasse o peso dos pecados de todos os homens, e só era possível que Deus mesmo fosse esse homem.

A Encarnação do Verbo é, portanto, o profundíssimo mistério cristão daquele dia supremo em que a Virgem concebeu e gestou Aquele que a gerou, tornando-se Mãe daquele que a criou; Ele, que, como explica São Paulo, mesmo “sendo de condição divina, não se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-Se igual aos homens” (Fl 2,6-7). É este movimento divino de encarnar-se, denominado “kenose” pela teologia, o imenso e imponderável mistério que celebramos toda vez que rezamos o Ângelus ou o Creio.

O fato de que Maria é Mãe de Deus é um dos quatro dogmas marianos promulgados pela Igreja.

Os dogmas sobre Maria são verdades de fé declaradas por um Concílio ou por um Papa e nas quais o fiel católico é obrigado a acreditar e professar.

Eles foram enunciados em momentos importantes para a história da Igreja e tocam em pontos sensíveis relativos à doutrina.

1. Maternidade divina

Cristo é pessoa divina e Maria é a Sua mãe. Foi declarado no Concílio de Éfeso, em 431. Na época a Igreja vivia uma profunda polêmica interna causada pelos nestorianos, corrente muito popular entre as comunidades cristãs do Oriente. Segundo eles, Jesus tinha duas naturezas, uma humana e outra divina, mas pouco ligadas. Maria seria mãe apenas de Cristo como homem. Para combater esse pensamento, a Igreja outorgou-lhe o título de Theotokos (Teótokos), expressão grega que significa “Mãe de Deus”.

2. Virgindade perpétua

Maria foi virgem antes, durante e depois do parto. Foi declarado no segundo Concílio de Constantinopla, em 553. A virgindade de Maria é uma ideia tradicional, que remonta às origens do cristianismo, mas gerou bastante polêmica ao longo da história da Igreja. Foi questionada pelos pagãos, que não compreendiam como uma virgem poderia dar à luz. Já as tendências gnósticas dentro do cristianismo achavam que Jesus era filho de José.

3. Imaculada Conceição

Maria foi totalmente isenta de pecado, inclusive quando concebida por seus pais, Santa Ana e São Joaquim. Todo o resto da humanidade, desde os nossos primeiros pais, nasceu com pecado original – daí, aliás, a necessidade da Salvação. Proclamado pelo Papa Pio IX em 1854, o dogma da Imaculada Conceição teve como pano de fundo a luta que na época a Igreja travava contra o racionalismo enviesado e exacerbado. Essa corrente, com ares de “científica”, negava a possibilidade de forças sobrenaturais agirem no mundo. O dogma da Imaculada realça justamente a intervenção direta de Deus no mundo ao preservar Maria do pecado original.

Nas aparições de Lourdes, a própria Nossa Senhora confirmou essa verdade de fé.

E, em outro caso impressionante, durante um exorcismo na Itália em 1823, dois sacerdotes dominicanos fizeram o diabo reconhecer esse mesmo dogma 30 anos antes de que ele fosse promulgado!

4. Assunção

Após a morte, Maria subiu ao Céu em corpo e alma. Depois de Cristo, ela foi a única criatura que teve esta distinção. Foi declarado por Pio XII no pós-guerra, em 1950. Após a maciça mortandade da Segunda Guerra, o dogma fala da santidade da vida e da dignidade dos corpos humanos, ao lembrar que eles também estão destinados à Ressurreição.

via Aleteia

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