A Virgem Maria tem uma ligação estreita com o Divino Espírito Santo. Ela concebeu Jesus por obra Dele; é santa e Imaculada por Sua obra; esteve com os Apóstolos no dia de Pentecostes; e se tornou Mãe da Igreja e Mãe de cada homem e mulher que Jesus resgatou com Seu sangue.
Portanto, é muito importante que aquele que é batizado no Espírito Santo, tenha um conhecimento profundo sobre o que a Igreja ensina sobre a Mãe de Deus, e tenha intimidade com Ela. Por isso, vamos apresentar aqui um resumo do que a Igreja ensina.
A predestinação de Maria
A Igreja ensina que a Virgem Maria foi predestinada por Deus, desde sempre, para ser a Mãe do Redentor dos homens.
Diz o Catecismo:
“Deus enviou Seu Filho” (Gl 4,4), mas, para “formar-lhe um corpo” quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, “uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria” (Lc 1,26-27):
“Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida” (§488).
A Imaculada Conceição
“Para ser a Mãe do Salvador, Maria foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função”. No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como “cheia de graça”.
Efetivamente, para poder dar o assentimento livre de sua fé ao anúncio de sua vocação era preciso que ela estivesse totalmente sob a moção da graça de Deus (CIC, §490).
A Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graça” por Deus, foi redimida desde a concepção. É isso que confessa o dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX:
“A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano foi preservada imune de toda mancha do pecado original”.
Os Padres da Igreja chamam a Mãe de Deus de “a toda santa” (Pan-hagia), celebram-na como “imune de toda mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo Espírito Santo, e formada como uma nova criatura”. Pela graça de Deus, Maria permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de toda a sua vida.
A maternidade divina de Maria
Maria é verdadeiramente “Mãe de Deus”, pois é a Mãe do Filho Eterno de Deus feito homem, que é ele mesmo Deus.
Ela “permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem sempre” (Santo Agostinho, Sermão, 186,1).
Os Evangelhos a chamam de “a Mãe de Jesus” (Jo 2,1;19,25); sob o impulso do Espírito Santa Isabel, já antes do nascimento de seu Filho, a chama de “a Mãe de meu Senhor”: “Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite?” (Lc 1,43). Os judeus só chamavam a Deus de Senhor. A Igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos).
Por causa da heresia nestoriana, de Nestório, patriarca de Constantinopla, que negava ser Maria Mãe de Deus, São Cirilo de Alexandria e o III Concílio Ecumênico, reunido em Éfeso em 431, confessaram que “o Verbo, unindo a si em sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, se tornou homem”. O Concílio de Éfeso proclamou que Maria se tornou de verdade Mãe de Deus pela concepção humana do Filho de Deus em seu seio: “Mãe de Deus não porque o Verbo de Deus tirou dela sua natureza divina, mas porque é dela que ele tem o corpo sagrado, dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne”.
Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos, então, lhe confiar todos os nossos cuidados e pedidos: ela reza por nós como rezou por si mesma: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com ela à vontade de Deus: “Seja feita a vossa vontade”.
A virgindade de Maria
A Igreja ensina que a Virgem Maria, é virgem perpétua; como disse Santo Agostinho: “Virgem antes, durante e depois do parto”. Santo Inácio de Antioquia, mártir (†107), escreveu: “Estais firmemente convencidos acerca de Nosso Senhor, que é verdadeiramente da raça de Davi segundo a carne, Filho de Deus segundo a vontade e o poder de Deus, verdadeiramente nascido de uma virgem…”. “O príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o seu parto, da mesma forma que a Morte do Senhor: três mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de Deus”.
O Catecismo da Igreja diz, sem medo de errar, que: “O aprofundamento de sua fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo “não lhe diminuiu, mas sagrou a integridade virginal” de sua mãe. A Liturgia da Igreja celebra Maria como a Aeiparthenos (pronuncie áeiparthénos), “sempre virgem” (§499).
O Papa Paulo IV, em 7 de agosto de 1555, apresentou a perpétua virgindade de Maria entre os temas fundamentais da fé.
Assim se expressou: “A Bem-aventurada Virgem Maria foi verdadeira Mãe de Deus, e guardou sempre íntegra a virgindade, antes do parto, no parto e constantemente depois do parto”.
Santo Agostinho afirma: “Cristo nasceu com efeito da Mãe que embora sem contato com varão concebeu intacta, e sempre intacta permaneceu, concebeu virgem, dando à luz virgem, virgem morrendo, embora fosse desposada com o carpinteiro, extinguiu todo orgulho da nobreza carnal”. E ainda: “Uma virgem concebe, virgem leva o fruto, uma virgem dá à luz e permanece perpetuamente virgem”.
São Cirilo de Alexandria (†442), deixou-nos uma bela comparação: Se a luz atravessa a vidraça de um lado para outro sem quebrá-la, não podia o Verbo entrar e sair do ventre de Sua Mãe sem rasgar as paredes?
Assunção ao céu
É dogma de fé que Nossa Senhora, após a sua vida terrena, foi elevada ao Céu de corpo e alma. É a única criatura que já está no céu com o seu corpo, além de Jesus. Todos os demais santos estão no céu só com a alma, aguardando a ressurreição do corpo na Parusia, quando Cristo voltar. O Papa Pio XII, em 1 de novembro de 1950, pronunciou o dogma:
“Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do universo”.
A Assunção da Virgem Maria é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos: “Em vosso parto, guardastes a virgindade; em vossa dormição, não deixastes o mundo, ó mãe de Deus: fostes juntar-vos à fonte da vida, vós que concebestes o Deus vivo e, por vossas orações, livrareis nossas almas da morte […]” (Liturgia bizantina, festa da dormição de Maria).
Maria – Mãe de Cristo, Mãe da Igreja
Nossa Senhora é verdadeiramente “Mãe dos membros [de Cristo] (…), porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça” (Santo Agostinho).
O próprio Jesus moribundo na cruz, com lábios de sangue, nos deu sua Mãe para ser nossa Mãe espiritual: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19,26-27). E o evangelista São João a levou para a sua casa; foram morar em Éfeso numa casinha que existe ainda hoje nas montanhas da cidade.
Após a Ascensão de Jesus Filho, Maria “assistiu com suas orações a Igreja nascente”. Reunida com os apóstolos e algumas mulheres, “vemos Maria pedindo, também ela, com suas orações, o dom do Espírito, o qual, na Anunciação, a tinha coberto com sua sombra”.
O Concílio Vaticano II disse: “De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por este motivo ela se tornou para nós mãe na ordem da graça” (LG, 61).
“Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. […] Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora, medianeira” (LG, 62).
A mediação da Virgem Maria
É preciso entender que a mediação de Maria junto a Deus não substitui a única e indispensável Mediação de Jesus; é uma mediação subordinada, “por dentro” da de Cristo. Sem a Mediação única de Cristo (1Tm 2,4), nenhuma outra tem valor e eficácia. Veja o que disse o Concílio Vaticano II:
“A missão materna de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui a mediação única de Cristo; pelo contrário, até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da bem-aventurada Virgem (…) deriva dos superabundantes méritos de Cristo, estriba-se em sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda a sua força. Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo encarnado e Redentor. Mas, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos, seja pelos ministros, seja pelo povo fiel, e da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas uma variegada cooperação que participa de uma única fonte” (LG, 62).
“A Igreja não hesita em proclamar esse múnus subordinado de Maria. Pois sempre de novo o experimenta e recomenda-o aos fiéis para que, encorajados por essa maternal proteção, mais intimamente adiram ao Mediador e Salvador” (LG, 62).
Os santos doutores garantem que a Virgem Maria é “medianeira de todas as graças”. Coloco aqui algumas citações de nosso livro A mulher do Apocalipse:
São Bernardo, doutor da Igreja, assim diz: “Tal é a vontade de Deus que quis que tenhamos tudo por Maria. Se, portanto, temos alguma esperança, alguma graça, algum dom salutar, saibamos que isto nos vem por suas mãos”.
São Bernardino de Sena: “Todos os dons, virtudes e graças do Espírito Santo são distribuídos pelas mãos de Maria, a quem ela quer, quando quer, como quer, e quanto quer”. “Eras indigno de receber as graças divinas: por isso foram dadas a Maria a fim de que por ela recebesses tudo o que terias”.
Santo Efrém, doutor da Igreja (†373): “Minha Santíssima Senhora, Santa Mãe de Deus, cheia de graças e favores divinos, Distribuidora de todos os bens! Vós sois, depois da Santíssima Trindade, a Soberana de todos; depois do Medianeiro, a Medianeira do Universo, Ponte do mundo inteiro para o céu. Olhai benigna para minha fé e meu desejo que me foram inspirados por Deus”.
São Boaventura (1218-1274), bispo e doutor da Igreja: “Deus depositou a plenitude de todo o bem em Maria, para que nisto conhecêssemos que tudo que temos de esperança, graça e salvação, dela deriva até nós”.
Santo Alberto Magno, doutor da Igreja (†1280): “É anunciada à Santíssima Virgem tal plenitude de graça, que se tornou por isso a fonte e o canal de transmissão de toda a graça a todo o gênero humano”.
São Pedro Canísio (1521-1597), doutor da Igreja: “O Filho atenderá Sua Mãe e o eterno Pai ouvirá Seu próprio Filho: eis o fundamento de toda nossa esperança”.
São Roberto Belarmino (1542-1621), bispo e doutor da Igreja: “Todos os dons, todas as graças espirituais que por Cristo, como cabeça, descem para o corpo, passam por Maria que é como o colo desse corpo místico”.
A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão. A Igreja presta a ela um culto chamado de “hiperdulia”, “superveneração”, por ser a Mãe gloriosa e bendita de Deus. Ela mesma anunciou que isso se daria:
“Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48).
via Cléofas
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