Santa Maria, mãe de Deus e nossa

imagem de Nossa Senhora

No dia 1º de janeiro, celebramos Santa Maria, Mãe de Deus. Convém refletir sobre esse antiquíssimo título de Nossa Senhora, que é também nossa mãe.



Antes do mais, cabe lembrar que todos os dogmas sobre Nossa Senhora estão, e não pode ser diferente, ligados a Jesus Cristo, Nosso Senhor. O da Maternidade Divina de Maria é, digamos, consequência do dogma da Encarnação do Filho de Deus. E em que consiste tal verdade de fé? – “O Concílio de Calcedônia ensina a confessar ‘um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na sua divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela humanidade, ‘em tudo semelhante a nós, exceto no pecado’ (Hb 4,5); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a divindade e, nestes últimos tempos, por nós homens e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2005, n. 88).

Afirmado isso, podemos dizer que Nossa Senhora é verdadeira Mãe de Deus, pois é Mãe de Jesus Cristo, Nosso Senhor, que é Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Aprofundando: “Maria verdadeiramente concebeu, trouxe em seu seio e deu à luz o Senhor; portanto, o desenvolvimento embrional do corpo de Jesus sucedeu de modo natural e humano. O corpo não foi perfeito em um instante, de modo milagroso, mas foi formado e modelado gradativamente pela alma espiritual” (Bernardo Bartmann. Teologia Dogmática, vol. II. São Paulo: Paulinas, 1964, p. 177).

Sim. “Maria verdadeiramente gerou a Jesus: Ele tem, portanto, dois nascimentos e duas filiações, mas não é Filho duas vezes. O Logos [Verbo – nota nossa], segundo a sua divindade nasceu da eternidade do Pai e é, portanto, Filho de Deus. Este mesmo Filho nasceu de Maria, segundo a humanidade, e tem, portanto, também a filiação humana. Mas nem por isso o Filho segundo a carne é distinto do Filho segundo a Divindade, pois temos um único Filho divino, que tomando a humanidade torna-se Filho de Maria” (Idem, p. 177-178). Jesus é Deus e homem verdadeiro. Portanto, Maria é mãe do Deus-Homem, ou seja, não em sua eternidade, mas, sim, na sua temporalidade ou a partir da concepção virginal, por obra do Espírito Santo, em seu ventre materno.

A razão humana, apesar da sua limitação em relação à fé – que é transracional (acima da razão) –, ilustra, de acordo com o Pe. Dr. Afonso Rodrigues, SJ, esse dogma com o seguinte raciocínio: “Quem concebe e dá à luz uma pessoa em concreto é sua mãe, ainda que não seja a criadora de sua alma ou, no caso de Jesus, de sua existência divina. Ora, Maria concebeu e deu à luz em concreto à pessoa de Jesus, que possui a alma criada por Deus como a nossa, e mais a existência divina d’Ele própria. Logo, Maria é Mãe de Deus” (Mariologia de bolso para gente nova. S. Paulo: Mestre Copy. s/d, p. 3).

As bases bíblicas desse dogma estão nos textos que profetizam o Senhor Jesus como “geração da mulher” (Gn 3,15), “Broto de Jessé” (Is 11,1) e de Davi (Jr 23,5) ou nos que relatam a Anunciação do Anjo a Nossa Senhora dizendo: “Conceberás e darás à luz um Filho que se chamará Jesus” (Lc 1,31). Logo adiante, pela boca de Isabel, se confirma essa maternidade, quando a mãe de João Batista declara: “Bendito o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). São Mateus, por sua vez, diz que “Ela [Maria – nota nossa] dará à luz um filho” (1,21) e, por fim, São Paulo chama o Senhor Jesus de “o nascido de Mulher” (Gl 4,4) e de “geração de Davi” (Rm 1,3).

Maria Santíssima é também nossa mãe (cf. Jo 19,26-27), pois ela “tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a todos os homens que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da Igreja e a sua realização mais perfeita” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 100).

Meditando, profundamente, estas verdades de fé, peçamos que Santa Maria, mãe de Deus e nossa, interceda junto a Ele por nós, hoje e sempre. Feliz 2019!

via Aleteia

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