A Igreja
celebra, com júbilo, muitas festas e solenidades de Nossa Senhora por ser a Mãe
de Deus humanado, por ter dado corpo ao Verbo Divino, para que acontecesse a
salvação da humanidade.
A celebração do nascimento da Virgem Maria, como disse
Santo André de Creta (cf. Ofício das leituras), honra a natividade da Mãe de
Deus.
Com o seu 'sim' a
Deus, Maria respondeu em nome de toda a humanidade ao Senhor e permitiu, então,
que o Senhor da História entrasse na história dos homens para salvá-los. Por
isso, a Igreja presta à Virgem Santíssima o culto chamado “hiperdulia”, super
veneração.
Maria nasceu para ser a Mãe do Salvador, daquele que é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1,29). Por isso, somente de Maria, como também de João Batista e Jesus Cristo, a Igreja celebra não só o nascimento para o céu, mas também o nascimento para este mundo.
Maria foi concebida no ventre de sua mãe
Ana, sem o pecado original, para poder gerar o Criador em forma humana. Ela
veio ao mundo de forma diferente de todos os demais humanos, não isenta da
graça santificante e não sujeita ao pecado, mas, pura, bela, formosa e
gloriosa, adornada das graças mais preciosas que convinha Àquela escolhida para
ser a Mãe do Salvador. Ela é a Nova Eva, que veio para desatar o nó da
desobediência de Eva, e esmagar a cabeça de Satanás (cf. Gn 3,15).
Por isso, esta festa foi sempre celebrada com louvores por muitos Santos Padres, que tiraram suas conclusões da Bíblia. São Pedro Damião, (1007-1072), doutor da Igreja, no seu “Segundo Sermão sobre a Natividade de Nossa Senhora”, diz:
Por isso, esta festa foi sempre celebrada com louvores por muitos Santos Padres, que tiraram suas conclusões da Bíblia. São Pedro Damião, (1007-1072), doutor da Igreja, no seu “Segundo Sermão sobre a Natividade de Nossa Senhora”, diz:
“Deus onipotente, antes que o homem caísse, previu a sua queda e decidiu, antes
dos séculos, a redenção humana. Decidiu, portanto, encarnar-se em Maria.
Hoje é o dia em que Deus
começa a pôr em prática o seu plano eterno, pois era necessário que se
construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Casa linda, porque, se a Sabedoria
constrói uma casa com sete colunas trabalhadas, este palácio de Maria está
alicerçado nos sete dons do Espírito Santo. Salomão celebrou de modo
soleníssimo a inauguração de um templo de pedra. Como celebraremos o nascimento
de Maria, templo do Verbo encarnado? Naquele dia a glória de Deus desceu sobre
o templo de Jerusalém sob forma de nuvem, que o obscureceu. O Senhor que faz
brilhar o sol nos céus, para a sua morada entre nós escolheu a obscuridade (cf.
1Rs 8,10-12), disse Salomão na sua oração a Deus. Este mesmo templo estará
repleto pelo próprio Deus, que vem para ser a luz dos povos.
Às trevas do paganismo e à falta de fé dos judeus, representadas pelo templo de
Salomão, sucede o dia luminoso no templo de Maria. É justo, portanto, cantar
este dia e Aquela que nele nasceu. Mas como poderíamos celebrá-la dignamente?
Podemos narrar as façanhas heroicas de um mártir ou as virtudes de um santo,
porque são humanas. Mas como poderá a palavra mortal, passageira e transitória
exaltar Aquela que deu à luz a Palavra que fica? Como dizer que o Criador nasce
da criatura?”
Esta festa teve origem no Oriente. No Ocidente o Papa São Sérgio (687-701) ordenou que fosse celebrada em Roma. A tradição diz que a Virgem nasceu em Jerusalém, nas proximidades do tanque de Betesda, onde atualmente se venera uma cripta sob a igreja de Santa Ana, como sendo o local onde nasceu Nossa Senhora.
Professor Felipe Aquino
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