A Virgem Maria foi formada em sua fé desde o princípio, principalmente na vida pública de seu Filho Jesus Cristo, para tornar-se a crente perfeita.
Na vida pública de Jesus, a Santíssima Virgem Maria é formada ainda mais na fé, tornando-se a crente perfeita. Nossa Senhora aparece de maneira marcante logo no princípio, nas bodas de Caná, quando movida de compaixão, levou o Messias a dar início aos Seus milagres (cf. Jo 2, 1-11). “Durante a pregação de Seu Filho, acolheu as palavras com que Ele, pondo o reino acima de todas as relações de parentesco, proclamou bem-aventurados todos os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática (cf. Mc. 3, 35; Lc 11, 27-28); coisa que ela fazia fielmente (cf. Lc 2, 19 e 51)”1. Dessa forma, avançou a Virgem Maria pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz (cf. Jo 19, 25-27).
A fé inabalável de Nossa Senhora aparece nitidamente na cena das bodas de Caná, quando diz aos serventes sem hesitar: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (Jo 2, 5b). “Maria tem esta fé […] mas ela, a crente perfeita, tem que servir como objeto de demonstração para o Filho e sua distanciação da ‘carne e sangue’ (do seu ‘sim’ tudo pode ser obtido) e justamente, através disso, ela própria é educada numa fé perfeita e aberta” (Joseph Ratzinger, Maria, Primeira Igreja, p. 106).
A primeira vista, não conseguimos compreender a dura resposta de Jesus à terna súplica de sua Mãe: “Mulher, para que me dizes isso? A minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4b). Porém, estas palavras adquirem seu significado na “hora da cruz, na qual a Mãe receberá do Filho o pleno direito à intercessão. “A sua fé inquebrantável […] produz, contudo, uma antecipação simbólica da Eucaristia” (Joseph Ratzinger, Maria, Primeira Igreja, p. 106-107). Nela, será o próprio Cristo quem dirá: “Fazei isto em memória de mim” (Jo 22, 19b).
A cena em que Jesus não recebe a sua Mãe que está à porta e o visita (cf. Mc 3, 31-35) é de uma dureza quase insuportável. O Mestre diz àqueles que anunciavam Maria: “Eis minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3, 34b-35). “Podemos acompanhar Maria em seu espírito no seu caminho de regresso à casa e imaginar o seu estado de espírito: a espada revolve-se na sua alma, ela sente-se por assim dizer roubada do seu bem mais próprio, esvaziada do sentido de sua vida; a sua fé, que de início foi confirmada por tantos sinais sensíveis, é remetida para uma noite escura” (Joseph Ratzinger, Maria, Primeira Igreja, p. 107).
O Filho não faz chegar à Mãe qualquer notícia sobre a Sua atividade. No entanto, ela não pode simplesmente deixá-lo ir, tem que acompanhar Jesus na angústia da noite escura da fé. Mais uma vez, anonimamente, Maria é colocada por Jesus ao plano comum dos crentes, quando uma mulher do povo louva os seios que O amamentaram (cf. Lc 11, 27). Aquela mulher começava já o profetizado louvor de todas as gerações (cf. Lc 1, 48b), mas Jesus desvia o louvor: “Felizes, sobretudo, são os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28). A dureza com a qual era tratada a Virgem Mãe por seu Filho Jesus foi necessária para o amadurecimento da sua fé, em vista da sua missão, da sua maternidade espiritual sobre a Igreja.
Fonte: CN
Fonte: CN