Santo Agostinho lançou um apelo que, muitos séculos depois, manteve
intacta a sua relevância: “In te ipsum redi. In interiore homine habitat
veritas”: “Retorne a si mesmo. A verdade habita no homem interior”. Em um discurso ao povo, com insistência ainda maior, ele exorta:
“Entrai de novo em vosso coração! Onde quereis ir para longe de vós? Ao
ir longe, vos perdereis. Por que vos dirigis a estradas desertas? Retornai
do vosso deambular que vos levastes para fora da estrada; voltai para o
Senhor. Ele está pronto. Em primeiro lugar, retornai ao vosso coração, vós
que vos tornastes estranhos a vós mesmos, vagando lá fora: não vos
conheceis a vós mesmos, e procurais aquele que vos criou! Voltai, retornai
ao coração, desprendei-vos do vosso corpo… Retornai ao coração: ali
examinai o que se pode perceber de Deus, porque ali se encontra a imagem
de Deus; na interioridade do homem mora Cristo, na vossa interioridade vos
renovais segundo a imagem de Deus”.
Continuando o comentário iniciado no Advento sobre o versículo do Salmo
“A minha alma tem sede do Deus vivo”, refletimos sobre o “lugar” onde cada
um de nós entra em contato com o Deus vivo. No sentido universal e
sacramental este “lugar” é a Igreja, mas no sentido pessoal e existencial
é o nosso coração, o que a Escritura chama “o homem interior”, “o homem
escondido no coração”. Esta escolha é impulsionada também pelo tempo
litúrgico em que nos encontramos. Jesus nestes quarenta dias está no
deserto, e é aí que devemos chegar até ele. Nem todos podem ir para um
deserto exterior; mas todos podemos nos refugiar no deserto interior que é
o nosso coração. “Cristo habita na interioridade do homem”, disse-nos
Agostinho.
Se quisermos uma imagem plástica ou um símbolo que nos ajude a realizar
esta conversão interior, o Evangelho oferece-nos com o episódio de Zaqueu.
Zaqueu é o homem que quer conhecer Jesus e, para isso, sai de casa, entra
na multidão, sobe a uma árvore… Procura-o fora. Mas, eis que, quando Jesus
passou, viu-o e disse-lhe: “Zaqueu, desce imediatamente, porque hoje tenho
de entrar em tua casa” (Lc 19, 5). Jesus traz Zaqueu de volta à sua casa e
ali, no segredo, sem testemunhas, acontece o milagre: Ele conhece
verdadeiramente quem é Jesus e encontra a salvação.
Nós nos parecemos muito com Zaqueu. Procuramos Jesus e o procuramos fora,
nas ruas, na multidão. E é o próprio Jesus quem nos convida a voltar à
nossa casa em nossos corações, onde Ele deseja encontrar-se conosco.
Interioridade, um valor em crise
A interioridade é um valor em crise. A “vida interior” que antes era
quase sinônimo de vida espiritual, agora tende a ser vista com
desconfiança. Há dicionários de espiritualidade que omitem completamente
as vozes “interioridade” e “recolhimento” e outros que as trazem, mas não
sem expressar algumas reservas. Por exemplo, nota-se que, afinal, não há
nenhum termo bíblico que corresponda exatamente a estas palavras; que
poderia ter havido, neste ponto, uma influência decisiva da filosofia
platônica; que poderia favorecer o subjetivismo e assim por diante.
Um sintoma revelador deste declínio do gosto e da estima pela
interioridade é o destino da Imitação de Cristo, que é uma espécie de
manual para a introdução à vida interior. De livro mais amado entre os
cristãos, depois da Bíblia, ele passou, em poucas décadas, a ser um livro
esquecido.
Algumas das causas desta crise são antigas e inerentes à nossa própria
natureza. A nossa “composição”, isto é, o nosso ser feito de carne e
espírito, nos faz como um plano inclinado, mas inclinado para o exterior,
o visível e o múltiplo. Assim como o universo, após a explosão inicial (o
famoso Big Bang), também nós estamos em fase de expansão e de afastamento
do centro. “O olho não para de olhar, nem o ouvido se cansa de ouvir”, diz
as Escrituras (Ec 1, 8). Estamos perpetuamente “saindo” por aquelas cinco
portas ou janelas que são nossos sentidos.
Outras causas são mais específicas e atuais. Uma delas é a emergência do
“social” que é certamente um valor positivo do nosso tempo, mas que, se
não for reequilibrado, pode acentuar a projeção ao exterior e a
despersonalização do homem. Na cultura secularizada e leiga dos nossos
tempos o papel que desempenhava a interioridade cristã foi assumido pela
psicologia e pela psicanálise, que, no entanto, se detêm no inconsciente
do homem e, em todo caso, na sua subjetividade, independentemente da sua
íntima ligação com Deus.
No campo eclesial, a afirmação, com o Concílio, da ideia de uma “Igreja
para o mundo” fez com que o antigo ideal de fugir do mundo fosse por vezes
substituído pelo ideal de fugir para o mundo. O abandono da interioridade
e a projeção para o exterior é um aspecto – e entre os mais perigosos – do
fenômeno do secularismo. Houve até mesmo uma tentativa de justificar
teologicamente esta nova orientação que tomou o nome de teologia da morte
de Deus, ou da cidade secular. Deus – se fala – deu-nos, ele próprio, um
exemplo. Encarnando-se, esvaziou-se, saiu de si mesmo, da interioridade
trinitária, “mundanizou-se”, isto é, dispersou-se no profano. Tornou-se um
Deus “fora de si mesmo”.
A interioridade na Bíblia
Como sempre, no cristianismo, a crise de um valor tradicional deve ser
respondida realizando uma recapitulação, isto é, retomando as coisas ao
seu início para levá-las a uma nova realização. Em outras palavras,
trata-se de partir novamente da palavra de Deus e, à sua luz, de
redescobrir, na própria Tradição, o elemento vital e perene, libertando-o
dos elementos caducos com os quais se revestiu ao longo dos séculos. Foi
isto que o Concílio Vaticano II seguiu como método em todo o seu trabalho.
Como na natureza, na primavera, a árvore é podada dos ramos da estação
anterior para possibilitar uma nova floração do tronco, assim também nós
devemos fazer na vida da Igreja.
Já os profetas de Israel haviam lutado para deslocar o interesse do povo
das práticas exteriores de culto e do ritualismo para a interioridade da
relação com Deus. “Este povo – lemos em Isaías – vem a mim apenas com
palavras e honra-me com os lábios, enquanto o seu coração está longe de
mim e o culto que me prestam é uma enxurrada de costumes humanos” (Is 29,
13). A razão é que “o homem olha para as aparências, mas Deus examina o
coração” (1 Sam 16,7). “Rasgai o vosso coração, não as vossas vestes,
lemos noutro profeta” (Gl 2, 13).
É o tipo de reforma religiosa que Jesus assumiu e fez frutificar. Alguém
que examine a obra de Jesus e as suas palavras, fora de preocupações
dogmáticas, do ponto de vista da história das religiões, observa antes de
tudo uma coisa: que ele quis renovar a religiosidade judaica, muitas vezes
acabada nas águas rasas do ritualismo e do legalismo, recolocando no
centro dela uma relação íntima e vivida com Deus. Ele não se cansa de se
referir àquela esfera “secreta “, o “coração”, onde se faz o verdadeiro
contato com Deus e com a sua vontade viva e da qual depende o valor de
cada ação (cf. Mt 15, 10 ss.). O chamado à interioridade encontra a sua
motivação bíblica mais profunda e objetiva na doutrina da inabitação de
Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, na alma do batizado.
Com o passar do tempo, na visão bíblica da interioridade cristã, algo
ficou obscuro, contribuindo para a crise de que falei acima. Em certas
correntes espirituais, como em alguns místicos do Reno, o caráter objetivo
desta interioridade havia sido obscurecido. Eles insistem em um retorno ao
“fundo da alma” através do que eles chamam de “introversão”. Mas nem
sempre fica claro se este “fundo da alma” pertence à realidade de Deus ou
à do eu, ou, pior ainda, se ambos estão, ao mesmo tempo, panteisticamente
fundidos.
Nos últimos séculos, o aspecto do método tinha acabado por prevalecer
sobre o conteúdo da interioridade cristã, por vezes reduzindo-a a uma
espécie de técnica de concentração e de meditação, mais do que ao encontro
com Cristo vivo no coração, embora não tenham faltado em nenhuma época
realizações esplêndidas da interioridade cristã. A Beata Isabel da
Trindade está na linha da mais pura interioridade objetiva, quando
escreve: “Encontrei o céu na terra, porque o céu é Deus e Deus está no meu
coração”.
Retorno à interioridade
Mas voltemos ao presente. Por que é urgente voltar a falar de
interioridade e redescobrir o seu sabor? Vivemos numa civilização toda
projetada para o exterior. O que se observa no âmbito físico ocorre no
âmbito espiritual. O homem envia suas sondas para a periferia do sistema
solar, fotografa o que está em planetas distantes, mas ignora o que se
agita a poucos milhares de metros abaixo da crosta terrestre e, portanto,
não consegue prever terremotos e erupções vulcânicas. Também sabemos,
agora em tempo real, o que acontece no outro extremo do mundo, mas
ignoramos o que se agita no fundo do nosso coração. Vivemos como numa
centrifugadora em ação a toda a velocidade.
Fugir, isto é, sair, é uma espécie de palavra de ordem. Existe até uma
literatura de escapismo, espetáculos de evasão. A evasão está, por assim
dizer, institucionalizada. O silêncio assusta. Não se consegue viver,
trabalhar, estudar sem voz ou música por perto. Há uma espécie de horror
vacui, de medo do vazio, que nos leva a ficar atordoados.
Tive a oportunidade de pisar uma vez numa discoteca, convidado para
conversar com os jovens ali reunidos. Bastou-me para ter uma ideia do que
reina ali: a orgia do barulho, o ruído ensurdecedor como droga. Na saída
da discoteca foram feitas pesquisas entre os jovens e à pergunta: “Por que
vocês se reúnem neste lugar?”, responderam alguns: “Para não pensar!”. Mas
é fácil imaginar a que manipulações estão expostos os jovens que
desistiram de pensar.
“Que sejam sobrecarregados de trabalhos; ocupem-se eles de suas tarefas e
não deem ouvidos às palavras de Moisés!” foi a ordem do Faraó do Egito
(cf. Ex 5, 9). A ordem tácita, mas não menos peremptória, dos faraós
modernos é: “Sobrecarreguem de barulho estes jovens, que fiquem
atordoados, para que não pensem, não façam escolhas livres, mas sigam a
moda que nos convém, comprem o que dizemos, pensem como queremos!”. Para
um setor muito influente da nossa sociedade, o do entretenimento e da
publicidade, os indivíduos contam apenas como “espectadores”, números que
aumentam a “audiência” dos programas.
Temos de nos opor a este esvaziamento com um “não” resoluto. Os jovens
são também os mais generosos e dispostos a rebelar-se contra a escravidão
e, de fato, há fileiras de jovens que reagem a este assalto e, em vez de
fugir, procuram lugares e tempos de silêncio e de contemplação para
encontrarem de vez em quando a si próprios e, em si, a Deus. São muitos,
mesmo que ninguém fale deles. Alguns fundaram casas de oração e de
contínua adoração eucarística e, através da Rede, dão a muitos a
possibilidade de se unirem a eles.
A interioridade é o caminho para uma vida autêntica. Hoje fala-se muito
de autenticidade e se faz dela o critério de sucesso ou fracasso da vida.
Talvez o filósofo mais famoso do século passado, Martin Heidegger, tenha
colocado este conceito no centro do seu sistema. Para o cristão, a
verdadeira autenticidade só pode ser alcançada vivendo o “coram Deo”, na
presença de Deus.
Um vaqueiro – escreve Kierkegaard – que, se possível, é um “eu” diante
das vacas, é um “eu” muito baixo; um soberano que é um “eu” diante de seus
servos, o mesmo. Nenhum deles é um “eu”; em ambos os casos falta a medida…
Mas que realidade infinita o “eu” não adquire, adquirindo consciência de
existir diante de Deus, tornando-se um eu humano, cuja medida é Deus! […]
Fala-se tanto de vidas desperdiçadas. Mas desperdiçada é apenas a vida
daquele homem que nunca percebeu, porque nunca teve, no sentido mais
profundo, a impressão de que existe um Deus e que ele, precisamente ele, o
seu eu, está diante deste Deus”.
O Evangelho nos conta a história de um desses “vaqueiros”. Havia fugido
da casa paterna e dissipado os seus bens e a sua juventude, vivendo
dissolutamente. Mas um dia “voltou a si mesmo”. Reexaminou a sua vida,
preparou as palavras a dizer e partiu a caminho da casa de seu pai (cf. Lc
15, 17). A sua conversão ocorreu neste momento, antes de se mudar,
enquanto estava sozinho no meio de uma manada de porcos. Aconteceu no
momento em que “reentrou em si mesmo”. Depois disso, não fez nada além de
executar o que tinha decidido. A conversão externa foi precedida da
conversão interna e recebeu o seu valor da mesma. Quanta fecundidade nesse
“retornar a si mesmo!”.
Não são apenas os jovens que estão sobrecarregados com a onda de
exterioridade. O mesmo acontece com as pessoas mais comprometidas e ativas
da Igreja. Até os religiosos! Dissipação é o nome da doença mortal que nos
mina a todos. Acaba-se por ser como um vestido de cabeça para baixo, com a
alma exposta aos quatro ventos. Em um discurso proferido aos superiores de
uma ordem religiosa contemplativa, São Paulo VI disse:
“Hoje estamos em um mundo que parece estar lutando com uma febre que se
infiltra até no santuário e na solidão. O barulho e o ruído invadiram
quase tudo. As pessoas já não conseguem se recolher. Nas garras de mil
distrações, elas habitualmente dissipam as suas energias atrás das
diferentes formas da cultura moderna. Jornais, revistas, livros invadem a
intimidade das nossas casas e dos nossos corações. É mais difícil do que
nunca encontrar a ocasião para aquele recolhimento em que a alma pode
estar plenamente ocupada em Deus”.
Santa Teresa de Ávila escreveu uma obra intitulada O Castelo Interior,
que é certamente um dos frutos mais maduros da doutrina cristã da
interioridade. Mas há também, infelizmente, um “castelo exterior” e hoje
vemos que é possível fechar-se também neste castelo. Trancados fora de
casa, incapazes de entrar. Prisioneiros da exterioridade! Santo Agostinho
descreve assim a sua vida antes da conversão:
“Estavas dentro de mim e eu fora e eu te procurava aqui em baixo, me
jogando deformado, sobre essas formas de beleza que são as suas criaturas.
Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo. Mantinham-me afastado de ti
aquelas criaturas que não existiram se não fosse porque as fizeste
existir”.
Quantos de nós deveríamos repetir esta amarga confissão: “Estavas dentro
de mim, mas eu estava fora!” Há quem sonhe com a solidão, mas só sonham
com ela. Amam-na, desde que permaneça no sonho e nunca se traduza em
realidade. Na realidade, fogem dela, têm medo dela. O desaparecimento do
silêncio é um sintoma grave. Foram removidos, quase que totalmente,
aqueles típicos cartazes que em todos os corredores das casas religiosas
intimavam em latim: Silentium! Creio que em muitos ambientes religiosos
exista o dilema: Ou silêncio ou morte! Ou encontramos um clima e tempos de
silêncio e interioridade ou é o esvaziamento espiritual progressivo e
total. Jesus chama o inferno de “as trevas exteriores” (cf. Mt 8,12) e
esta designação é muito significativa.
Não nos deixemos enganar pela objeção habitual: mas Deus se encontra
fora, em nossos irmãos, nos pobres, na luta pela justiça; se encontra na
Eucaristia que está fora de nós, na palavra de Deus… Tudo verdade. Mas
onde é que tu realmente “encontras” o teu irmão e os pobres, se não no teu
coração? Se só os encontras fora, não é um “eu”, uma pessoa que encontras,
mas uma coisa; é mais um choque do que um encontro. Onde encontras o Jesus
da Eucaristia senão na fé, isto é, dentro de ti? Um verdadeiro encontro
entre pessoas só pode acontecer entre duas consciências, duas liberdades,
isto é, entre duas interioridades.
É também errado pensar que a insistência na interioridade pode prejudicar
o empenho ativo pelo Reino e pela justiça; pensar, em outras palavras, que
afirmar o primado da intenção pode prejudicar a ação. A interioridade não
se opõe à ação, mas a uma certa forma de agir. Longe de diminuir a
importância de agir por Deus, a interioridade a fundamenta e a
preserva.
O eremita e o seu eremitério
Se quisermos imitar o que Deus fez encarnando-se, imitemo-lo
verdadeiramente até ao extremo. É verdade que ele se esvaziou, saiu de si
mesmo, da interioridade da Trindade, para vir ao mundo. Mas sabemos como
isso aconteceu: “O que era permaneceu, o que não era assumiu”, diz um
antigo adágio sobre a Encarnação. Sem abandonar o seio do Pai, o Verbo
veio entre nós. Nós também vamos em direção ao mundo, mas sem nunca nos
abandonarmos completamente. “O homem interior – diz a Imitação de Cristo –
recolhe-se espontaneamente porque nunca se dispersa completamente nas
coisas exteriores. Ele não é prejudicado pela atividade externa e pelas
ocupações necessárias, mas sabe se adaptar às circunstâncias”.
Mas procuremos também ver como fazer, concretamente, para redescobrir e
preservar o hábito da interioridade. Moisés era um homem muito ativo. Mas
nós lemos que ele fez construir uma tenda portátil e em cada estágio do
êxodo armava a tenda fora do acampamento e regularmente entrava nela para
consultar o Senhor. Ali, o Senhor falava com Moisés “face a face, como um
homem fala ao outro” (Ex 33,11).
Isto nem sempre pode ser feito. Nem sempre é possível retirar-se a uma
capela ou a um lugar solitário para reencontrar o contato com Deus. São
Francisco de Assis sugere outra medida mais acessível. Ao enviar seus
frades pelas ruas do mundo, dizia: “Temos um eremitério sempre conosco
onde quer que vamos e quando quisermos podemos, como eremitas, voltar a
esse eremitério. “O irmão corpo é o eremitério e a alma a eremita que vive
dentro dele para rezar a Deus e meditar”. É a mesma recomendação que Santa
Catarina de Siena expressava com a imagem da “cela interior” que todos
levam consigo e na qual é sempre possível retirar-se com o pensamento,
para reconectar um contato vivo com a Verdade que vive em nós.
É a esta cela invisível, não delimitada por muros – escreve Santo
Ambrósio – que Jesus nos convida com as palavras: “Quando orares, entra no
teu quarto e, quando a porta estiver fechada, ora a teu Pai em segredo”
(Mt 6, 6).
No início escutamos o apelo sincero de Santo Agostinho para voltar ao
coração, terminamos escutando outro apelo igualmente sincero na mesma
direção, o que Santo Anselmo de Aosta dirige ao leitor no início de seu
Proslogion:
Vamos, homenzinho, abandona as tuas ocupações por um momento, esconde-te
um pouco dos teus pensamentos tumultuados. Abandone agora as suas pesadas
preocupações, adie os seus compromissos laboriosos. Dedique-se a Deus por
um tempo e descanse nele. Entra na câmara do teu espírito, exclui tudo
dela, exceto Deus e tudo o que te ajude a buscá-lo, e quando fechardes a
porta (Mt 6, 6), buscai-o. Dize agora, ó meu coração, na tua totalidade,
dize agora a Deus: “Busco o teu rosto; o teu rosto, ó Senhor, eu busco”
(Sl 27,8).
Com estes desejos e intenções começamos o nosso dia de trabalho, ao
serviço da Igreja.
Pe. Raniero Cantalamessa ofmcap
“RETORNE A SI MESMO!”
via Aleteia
Pe. Raniero Cantalamessa ofmcap
“RETORNE A SI MESMO!”
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