“Foi Deus que me ajudou”: garoto nadou mais de 1 hora para escapar em Brumadinho


Sobrevivente foi achado pelo irmão com ferimentos até nos olhos e passou pela UTI: "Deus me deu outra oportunidade de estar com minha família".



Relatos de sobreviventes continuam vindo à tona, literalmente, do meio da lama: são adultos e crianças que consideram milagre o fato de terem escapado da morte após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, a 57 quilômetros de Belo Horizonte.



Um desses relatos, publicado pela Agência Brasil, é o do produtor rural Ronaldo Gomes de Oliveira, de 41 anos.

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Ronaldo estava no campo com a mulher, um funcionário e um dos filhos quando a barragem se rompeu. Um barulho ensurdecedor de vento e uma nuvem espantosa de poeira serviram como sinal para a tentativa de fuga rumo ao alto de um morro.

“Foi uma coisa muito impressionante, uma coisa que a gente não imaginava nunca viver na vida, uma coisa muito feia. A gente não sabia de onde estava vindo. Eu ouvi um vento, que fazia assim, ‘vuuuu’, levando tudo. Nunca vi tanta coisa acontecer em tão pouco tempo”.

Um filho no riacho

O que Ronaldo não sabia, porém, era que outro filho, Ronan Otávio Gomes dos Santos, de apenas 14 anos, estava nadando no riacho próximo à barragem – justamente no instante em que tudo se rompeu.

O estudante, surpreendentemente, conseguiu achar abrigo numa área mais seca depois de resistir durante mais de uma hora nadando, de acordo com a sua interpretação do tempo decorrido.

Ao atingir a área seca, Ronan desmaiou. Não sabe quanto tempo se passou até que, desnorteado, com corpo todo machucado, foi encontrado pelo irmão, que o carregou durante mais uma hora e meia até encontrar ajuda. Ronan ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva com ferimentos até nos olhos.

Agora, esses mesmos olhos não conseguem reter as lágrimas quando as lembranças se transformam em palavras. Apesar de quase sem forças, ele relata que teve de se embrenhar pela mata fechada, pisar em espinhos e escapar de aranhas.

“Não estava entendo nada. Foi aí que meu irmão me achou. Eu gritei. Foi Deus que me ajudou. Deus me deu outra oportunidade de estar com minha família”.

E não só para ele: Ronan conseguiu ser salvo e salvar consigo o mascote da família, o cachorro Tigrão.

Ronaldo e a família querem retomar a plantação de hortaliças. O que eles têm neste momento são planos, esperança e um grande desafio, comum a centenas de famílias da região:

“Quero voltar a trabalhar de novo, tentar conseguir uma terra, porque a nossa não produz mais nada e por causa da água que está contaminada”.

via Aleteia
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