Fernanda Brum voltou a dar suas respostas nada agradáveis aos seus seguidores nas redes sociais. Dessa vez, a cantora respondeu a um comentário de uma seguidora, que fez uma observação sobre a roupa que a pastora da IPAN (Igreja Profetizando as Nações) estava usando.
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A seguidora comentou:
“Agora os evangélicos estão usando as mesmas roupas que padres… Deus te abençoe Fernanda.”
A reação de Fernanda Brum diante desse comentário, não poderia ser mais irônico.
“Ha Ha Não estudou reforma protestante.”
“Ha Ha Não estudou reforma protestante.”
Depois disso, vários comentários surgiram, comentando sobre a semelhança da cantora com a roupa usada por padres, e também, sobre a resposta da cantora diante da critica.
Colarinho Romano e clergyman: diferenças
Vagando pela internet, sempre encontro sites de empresas especializadas em vestes litúrgicas, também chamadas de “paramentos”, que oferecem uma ampla variedade de modelos, além de objetos litúrgicos, livros etc.
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Como era de se esperar, diante a esmagadora falta de catequese que predomina no mundo de hoje, desde a familiar até a formação do próprio clero, encontramos nesses sites alguns equívocos que já tornaram-se comuns, induzindo os leitores a confundir as coisas.
Obviamente, se eu fosse falar aqui sobre vestes litúrgicas, precisaria criar outro blog, já que a história e toda evolução desses elementos é de tamanha riqueza e profundidade que é praticamente impossível resumi-la num só texto. Mas, para termos uma noção do quão generalizado são esses equívocos, vamos tratar de um pequeno detalhe desse mundo, que por vezes passa despercebido, mas que é crucial no tangente a identidade de cada grupo cristão: A diferença entre colarinho romano e clergyman.
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E por que falar disso aqui? Ora, como disse, há várias empresas especializadas na confecção de vestes litúrgicas e, necessariamente, há quem desenhe essas peças. Por mais restrito que se pareça, por conta de tratar-se de uma área muitas vezes restrita à Tradição, devendo seguir um modelo já existente como base, há sim estilistas e designers responsáveis de criar, evoluir e, por muitas vezes, redesenhar essas peças, adaptando-as, por exemplo, à condições climáticas, temas de um determinado evento, novos materiais, etc. E se tem designer no meio, o Ecclesia Design esclarece!
Mas, para começar a tratar sobre o assunto, vamos a esse detalhe que serve como base para um entendimento. Certamente você já viu pelo menos na TV algum padre usando uma camisa (geralmente preta) com um pequeno detalhe branco no colarinho, certo? Pois é, este pequeno detalhe no colarinho chama-se clergyman (ou clesma, clésima, colarinho clerical) e, para quem pensa que um sacerdote católico usar isso é “correto” a resposta é: não!
É claro, você vai dizer “mas eu já vi até bispos usando isso!”. É verdade, a Igreja Católica hoje permite, desde o Concílio Vaticano II, em algumas condições, que esta veste seja utilizada por seu clero, mas a origem dessa veste é na verdade protestante. O clergyman é uma invenção bastante moderna (é provável que tenha sido inventado em 1827). Aparentemente, foi inventado pelo Rev. Dr. Donald McLeod, pastor anglicano. Foi desenvolvido para ser usado no trabalho cotidiano do ministro (mais prático que a batina). Ou seja, o clergyman é na verdade uma adaptação protestante da veste católica romana.
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Não só os anglicanos, mas a maioria das denominações protestantes ditas históricas costuma ter seus ministros utilizando essa veste. Metodistas, presbiterianos, luteranos e até pentecostais (só não no Brasil onde os pentecostais insistem e rejeitar tudo o que sequer lembre a Igreja Católica).
Inclusive, hoje vemos até cléricos das igrejas orientais usando o clergyman, igrejas estas que costumam ser bem mais “rígidas” na conservação de suas tradições.
Segundo artigo do apostolado Veritas Splendor:
“A camisa de clergyman com colarinho em forma de tira removível (e também o rabbat, que é uma falsa camisa de frente única ou colete com colarinho, para ser usada em conjunto com um blazer e assim imitar uma camisa ou batina) foi inventada pelos protestantes “evangélicos” anglicanos nos idos de 1960, para se diferenciar dos sacerdotes católicos e também dos sacerdotes anglicanos (rejeitando assim por completo a doutrina do sacerdócio). Logo logo esta camisa foi assumida por vários outros ramos “evangélicos” mais “tradicionais” dos Estados Unidos, desde os Episcopalianos até os Metodistas. Algumas seitas evangélicas neopentecostais também encorajam seus pastores a utilizar a camisa de clergyman, mas a maioria mesmo rejeita por completo qualquer coisa que tenha colarinho e que o faça parecer um Católico Romano.”
Contradições históricas a parte, o certo é que se você for desenhar um dia uma veste para um clérigo da Igreja Católica Romana ou até mesmo ter que fazer algum tipo de ilustração onde esse elemento esteja presente, por favor, não desenhe um clergyman.
Mas a pergunta é: Por que não?
A sociedade contemporânea caminha sob uma ótica relativista que já espalhou-se por todos seus setores. Em outras palavras, vivemos nos tempos do “tanto faz!” ou do “qualquer coisa é a mesma coisa”. Contudo, a Igreja Católica possui uma visão atemporal das coisas, baseada na Tradição apostólica, não rendendo-se à inovações que venham a descaracterizar sua continuidade histórica com o que foi passado desde os primeiros séculos do cristianismo. É claro, há lugares, sobretudo aqui no Brasil, onde isso parece não fazer sentido algum, pois as missas parecem com qualquer coisa, menos com uma missa católica. Mas como graças a Deus quem dita as regras da Igreja não é o clero brasileiro, devemos sim, sobretudo como profissionais, atentar para os mínimos detalhes que caracterizam cada tradição, liturgia e/ou comunidade cristã, seja ela católica, ortodoxa, protestante histórica ou pentecostal. Atentar aos detalhes é a base para que o chamado “design sacro” possa de fato existir, como “área do design voltado ao culto religioso específico”, fazendo com que nosso trabalho de fato seja sinal de caracterização profunda de cada instituição, doutrina ou pensamento.
Em outras palavras, seguindo as orientações de São Paulo, a questão é: de poder, até pode (ninguém vai preso ou é excomungado por isso!), mas não convém!
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