Neguinho do Asfalto: cego, paralítico, órfão, transplantado, discriminado, católico e sua promessa a Nossa Senhora
Cego, paralítico, órfão, transplantado, discriminado e católico, ele fez dessa promessa o seu ideal de vida.
Logo que nasceu, paralítico, cego e com graves deficiências que impediam o funcionamento de seus rins e pulmões, o pequeno Antônio perdeu a mãe.
Contra todos os prognósticos, ele chegou aos 12 anos de idade e finalmente conseguiu os transplantes e tratamentos de que precisava: rim, pulmão, uma válvula no cérebro que lhe permitiu enxergar, além da fisioterapia que, aos poucos, o ajudou a caminhar.
A promessa
Aos 14 anos, em gratidão pela graça de andar e enxergar e em cumprimento de uma ousada promessa que havia feito ainda menino a Nossa Senhora Aparecida, o franzino adolescente deu a largada a um projeto assombroso, que o levaria a passar os seguintes 30 anos da vida pedalando mundo afora.
Na véspera da festa de Nossa Senhora da Luz, em 1° de fevereiro de 1991, Antônio Rogério do Nascimento começou a maratona que, se Deus permitir, só chegará ao término em fevereiro de 2022, no Canadá.
Sob o vasto dos céus, estrada afora
Desde então, o “Neguinho do Asfalto“, como passou a ser conhecido, já visitou todos os Estados do Brasil e outros países da América Latina e da África, percorrendo mais de 200 mil quilômetros sem patrocínio e confiando apenas na ajuda de Deus, de Nossa Senhora e de pessoas comuns, principalmente caminhoneiros:
“Posso dizer que 99,9% da ajuda que eu recebo é dos caminhoneiros. Eles dão dois reais, cinco, dez, e a gente completa a refeição do dia. Nos postos de combustível eu também consigo muita coisa”.
O peregrino da superação chega a percorrer 150 km por dia, a 35 km/h, embalado via fones de ouvido por música religiosa e forró.
Torturado na Argentina
Seu pior momento na longa jornada, até hoje, foi enfrentado na Argentina, país em que ele conta ter sido vítima não apenas de preconceito, mas de tortura:
“Pegaram a bandeira do Brasil, queimaram, amarraram a minha mão, o meu pé, me levaram para o matagal e me deram uma garrafa de refrigerante de 600ml de óleo queimado. Fiquei internado dois meses no hospital, me recuperei e comecei a pedalar de novo. Essa foi a experiência mais difícil. Eles disseram que lugar de macaco é no Brasil”.
No entanto, Antônio também contou com a ajuda de muitos outros argentinos de bom coração, que lhe conseguiram recursos para o tratamento e para comprar outra bicicleta, já que a anterior tinha sido roubada durante o crime abominável que havia sofrido.
E não foi só no exterior que o Neguinho do Asfalto sofreu na pele o pior lado do ser humano: também levou um tiro pelas costas no Estado brasileiro de São Paulo, durante uma tentativa de assalto, e uma facada no Rio Grande do Norte, onde novamente um bandido tentou roubar sua bicicleta.
“A vida de um andarilho”
Depois de pagar a promessa, o Neguinho do Asfalto pretende transformar em livro de memórias as dezenas de cadernos que foi preenchendo ao longo das viagens e enviando para Brasília, onde armazena essas recordações.
“Escrevo como se fosse um diário. Vai se chamar ‘A vida de um andarilho'”.
Um vídeo de arrepiar
O vídeo de 5 minutos que compartilhamos a seguir é de 2012, quando o Neguinho do Asfalto passava por Criciúma, em Santa Catarina, e os números da sua aventura ainda eram parciais. Seu pai, caminhoneiro, havia morrido dois anos antes, carbonizado em um acidente rodoviário. Nessa breve entrevista, o Neguinho do Asfalto resume bem a sua história, complementando:
“Deus me acompanha, me ajuda, me dá força para pedalar. Creio muito em Deus, sou católico, sempre procuro a igreja, rezo, agradeço a Deus. 90% dos seres humanos, quando vão comer, não agradecem o prato de comida. Eu não; eu, comendo ou não comendo, agradeço a Deus todo dia pela força que Ele está me dando e pela saúde”.
Com a palavra, o Neguinho do Asfalto. E vai ser arrepiante:
Via Aleteia
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