Para
médico, problema é uma consequência da situação do pulmão direito. Heitor se
recupera da separação do irmão Arthur, que morreu em Goiânia.
O gêmeo siamês que sobreviveu à cirurgia de
separação, Heitor Ledo Rocha Brandão, de 5 anos, enfrenta um novo agravamento
do seu estado de saúde na manhã desta segunda-feira (9), pois o intestino parou
de funcionar. Para médicos do Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia, onde o
menino está internado, o problema é uma consequência da piora do funcionamento
do pulmão direito.
“O intestino dele vinha funcionando
normalmente aí de repente, agora, com esse quadro agudo pulmonar, houve a
paralisação do intestino. Então nós vamos ter que aguardar um tempo para ver se
volta a funcionar normalmente”, explicou o médico responsável pelo procedimento
de separação, o cirurgião pediatra Zacharias Calil.
O menino segue internado em estado grave na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do HMI. Nesta manhã, a equipe
médica chegou a retirar os aparelhos que ajudam Heitor a respirar desde domingo
(8). No entanto, pouco depois, tiveram que retornar com o equipamento, pois o
pulmão de Heitor piorou novamente. O menino não tem febre.
Calil afirma que o quadro de saúde de Heitor
exige atenção. “Nós temos que ter calma neste momento e aguardar a evolução
dele”, disse.
Na última quinta-feira (5), Heitor chegou a
deixar a UTI por duas horas para ir a uma clínica especializada, também na
capital. A visita do garoto ao local teve como objetivo a realização de um
tratamento que deve reforçar a cicatrização da cirurgia. Até sábado o menino
também já se alimentava normalmente.
Separação
A cirurgia de separação de Heitor e do irmão Arthur Brandão ocorreu no dia 24
de fevereiro e durou cerca de 15 horas. Arthur morreu três dias depois, após
sofrer duas paradas cardíacas.
Os gêmeos eram unidos pelo tórax, abdômen e
bacia, compartilhando o fígado e genitália. Desde que nasceram, eles eram
preparados para a cirurgia de separação. Os siameses passaram por 15
procedimentos cirúrgicos, entre eles alguns para implantação de expansores no
corpo para que tivessem pele suficiente para a separação. Os meninos só
alcançaram as condições necessárias para a cirurgia neste ano.
Segundo o pai dos gêmeos afirmou na
segunda-feira (2), o filho sobrevivente não perguntou mais do irmão após sua
morte. Em um texto postado em uma rede social, ele diz acreditar que o filho
"sabe ou sente" que o irmão não está mais ali e que só vai contar o
que ocorreu quando Heitor questionar onde está o irmão.
Caso
Natural de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia, a mãe dos siameses
veio a Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem
acompanhamento desde o parto, em maio de 2009. Após o nascimento, ela voltou
para a terra natal por um período e, desde 2010, mora em Goiânia com os
siameses. O marido e a filha mais velha, de 7 anos, continuaram no Nordeste.
Antes da cirurgia, Eliana afirmou que, apesar
das restrições físicas, os filhos não possuíam nenhum problema cognitivo. Com
personalidades “totalmente diferentes”, os gêmeos sonhavam com a cirurgia,
segundo a mãe. "Eles querem se separar, não querem desistir porque sabem
que vão ter liberdade, uma independência maior, poder ir sem precisar da
permissão do outro", disse a mãe antes do procedimento.
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