Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo (Lc 12, 32-48) nos fala do desejo do encontro definitivo com Cristo, um desejo que nos faz estar sempre prontos, com o espírito despertado, porque esperamos este encontro com todo o coração, com todo o nosso ser. Este é um aspecto fundamental da vida. Há um desejo de que todos nós, seja explicitamente, seja escondido, tenhamos no coração, todos nós tenhamos este desejo no coração.
Este ensinamento de Jesus também é importante vê-lo no contexto concreto, existencial no qual Ele o transmitiu. Neste caso, o evangelista Lucas nos mostra Jesus que está caminhando com os seus discípulos rumo a Jerusalém, rumo à sua Páscoa de morte e ressurreição, e neste caminho os educa confiando a eles aquilo que Ele mesmo leva no coração, os acontecimentos profundos da sua alma. Entre estes acontecimentos está o desapego dos bens terrenos, a confiança na providência do Pai e, de fato, a vigilância interior, a espera ativa pelo Reino de Deus. Para Jesus, é a espera do retorno à casa do Pai. Para nós, é a espera pelo próprio Cristo, que virá para levar-nos à festa sem fim, como já fez com sua Mãe Maria Santíssima: levou-a ao Céu com Ele.
Este Evangelho quer dizer-nos que o cristão é leva dentro de si um desejo grande, um desejo profundo: aquele de encontrar-se com o seu Senhor junto aos irmãos, aos companheiros de estrada. E tudo isto que Jesus nos diz resume-se em uma famosa frase de Jesus: “Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 34). O coração que deseja… Mas todos nós temos um desejo! Pobres aqueles que não têm desejo! O desejo de seguir adiante, rumo ao horizonte, e para nós cristãos este horizonte é o encontro com Jesus, o encontro propriamente com Ele, que é a nossa vida, a nossa alegria, aquilo que nos faz felizes. Mas eu farei duas perguntas. A primeira: todos vocês, têm um coração desejoso, um coração que deseja? Pensam e respondam em silêncio e no vosso coração: você tem um coração que deseja, ou tem um coração fechado, um coração adormecido, um coração anestesiado pelas coisas da vida? O desejo: ir adiante ao encontro com Jesus. E a segunda pergunta: onde está o teu tesouro, aquilo que você deseja? – Porque Jesus nos disse: “Onde está o vosso tesouro, aí estará o vosso coração” – e eu pergunto: “onde está o teu tesouro? Qual é para você a realidade mais importante, mais preciosa, a realidade que atrai o meu coração como um imã? O que atrai o teu coração? Posso dizer que é o amor de Deus? Há o desejo de fazer bem aos outros, de viver para o Senhor e para os nossos irmãos? Posso dizer isto? Cada um responda no seu coração. Mas alguém pode me dizer: Padre, mas eu sou uma pessoa que trabalha, que tem família, para mim a realidade mais importante é conseguir manter minha família, meu trabalho… Certo, é verdade, é importante. Mas qual é a força que mantém unida uma família? É justamente o amor, e quem semeia o amor no nosso coração é Deus, o amor de Deus: é propriamente o amor de Deus que dá sentido aos pequenos compromissos cotidianos e que ajuda a enfrentar as grandes dificuldades. Este é o verdadeiro tesouro do homem. Ir adiante na vida com amor, com aquele amor que o Senhor semeou no coração, com o amor de Deus. E este é o verdadeiro tesouro. Mas o que é o amor de Deus? Não é algo vago, um sentimento genérico. O amor de Deus tem um nome e uma face: Jesus Cristo, Jesus. O amor de Deus se manifesta em Jesus. Porque nós não podemos amar o ar…Amamos o ar? Amamos o todo? Não, não pode! Amamos pessoas e a pessoa que nós amamos é Jesus, o dom do Pai entre nós. É um amor que dá valor e beleza a todo o resto; um amor que dá força à família, ao trabalho, ao estudo, à amizade, à arte, a toda atividade humana. E dá sentido também às experiências negativas, porque nos permite, este amor, ir além destas experiências, de ir além, não permanecer prisioneiros do mal, mas nos faz ir além, abre-nos sempre à esperança. Então, o amor de Deus em Jesus sempre nos abre à esperança, àquele horizonte de esperança, ao horizonte final da nossa peregrinação. Assim, mesmo o cansaço e as quedas encontram um sentido. Mesmo os nosso pecados encontram um sentido no amor de Deus, porque este amor de Deus em Jesus Cristo nos perdoa sempre, nos ama tanto que nos perdoa sempre.
Queridos irmãos, hoje na Igreja fazemos memória de Santa Clara de Assis, que nos passos de Francisco deixou tudo para consagrar-se a Cristo na pobreza. Santa Clara nos dá um testemunho muito belo deste Evangelho de hoje: ajude-nos ela, junto com a Virgem Maria, a vivê-lo também nós, cada um segundo a própria vocação.
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