Jesus hoje nos diz na Palavra de Deus: “quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado” (Lc 14, 11).
O
gosto pelos primeiros lugares e a soberba estava presente na vida de muitos
fariseus, que queriam para si os lugares de honra (cf. Lc 14, 7). Até mesmo
entre os discípulos havia esse gosto pelos primeiros lugares. Tiago e João,
filhos de Zebedeu, queriam sentar à direita e à esquerda de Jesus no Reino dos
Céus (cf. Mc 10, 37). Os outros discípulos, sabendo disso, ficaram zangados com
os dois (cf. Mc 10, 41), provavelmente porque também queriam um lugar especial
junto do Mestre.
Vendo
que os seus discípulos discutiam entre si, Jesus os chamou e disse: “Sabeis que
os que são considerados chefes das nações as dominam, e os seus grandes fazem
sentir seu poder. Entre vós não deve ser assim. Quem quiser ser o maior entre
vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o
escravo de todos” (Mc 10, 42-44). Cristo nos ensina que para vencer a tentação
do orgulho, da soberba, precisamos ser servos. Jesus não somente disse isso aos
seus discípulos, mas assumiu o serviço como projeto de vida: “Pois o Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por
muitos” (Mc 10, 45).
Ao
assumir a condição de escravo, o Mestre parece contradizer-se, pois disse que
veio ao mundo para trazer a liberdade aos presos e oprimidos (cf. Lc 4, 18).
Porém, ao assumir a condição de escravo, de servidor do Pai, ele não se deixou
influenciar pela sua vontade humana, mas pela vontade divina. Fazendo-se
escravo por amor, ele se tornou livre da vontade humana, que poderia impedir
que Ele realizasse o desígnio de salvação ao Pai para todo gênero humano. Da
mesma forma, se não nos fazemos servos do Senhor, podemos frustrar a vontade de
Deus a nosso respeito. Não devemos nos enganar, pois também podemos nos deixar
tomar pelo desejo de estar nos primeiros lugares.
Deus
quer a nossa salvação, mas pelo gosto dos primeiros lugares, pela honras e
glórias deste mundo, podemos perder a glória do Reino dos Céus. Por isso, Jesus
nos coloca diante desse convite, de nos fazermos seus escravos por amor a Deus
e ao Seu Reino. Pois, sendo servos, nos fazemos pequenos, humildes, e
venceremos mais facilmente a tentação do orgulho e da soberba. Certamente que
Jesus é modelo exemplar de escravo, pois Ele é identificado com o servo
sofredor, com o homem experimentado nas dores (cf. Is 53, 3). Mas, diante da
grandeza da entrega total de Jesus ao desígnio do Pai, nos assustamos, ficamos
com medo da cruz. Por isso, no Calvário, no momento de seu maior sofrimento na
cruz, Jesus nos entrega a sua Mãe (cf. Jo 19, 27).
Jesus
nos entregou a Virgem Maria por Mãe para que ela nos ensinasse a sermos servos,
humildes, fiéis à vontade soberana do Pai. Pois, Nossa Senhora, diante do
anúncio do Anjo de que ela seria a Mãe do Salvador, ela se fez escrava da
vontade do Senhor: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua
palavra” (Lc 1, 38). Maria assumiu o seu ser serva na educação, no cuidado com
as suas necessidades, no ensino da Lei de Deus a Jesus, durante sua vida
escondida em Nazaré. Ela assumiu o serviço no cuidado com Jesus, e seus
discípulos, em Sua vida pública. Nossa Senhora também assumiu o cuidado com os
apóstolos e discípulos depois da morte, ressurreição e ascensão de Jesus.
Hoje,
a Virgem Maria também se faz presente na Igreja para servir, para nos levar a
Seu Filho Jesus Cristo. Por isso, somos chamados a seguir o exemplo de João,
que levou a Mãe do Senhor para a sua casa (cf. Jo 19, 27b). Se o fizermos,
Nossa Senhora nos ensinará a sermos servos, escravos por amor a Jesus
Cristo e ao Seu Reino, que já está presente, mas que se realizará em
plenitude na vida eterna. Nos consagremos inteiramente a Virgem
Santíssima, para que sejamos fiéis no serviço a Jesus Cristo e alcancemos nosso
lugar no Reino dos Céus.
Fonte:
CN
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