Viralizou uma imagem de Nossa Senhora intacta após explosão de carro-bomba
na Colômbia: o ataque foi perpetrado nesta última terça-feira, 15 de junho,
diante de uma unidade do exército colombiano em Cúcuta, nordeste do país, na
fronteira com a Venezuela.
A autoria do atentado, que feriu 36 pessoas, foi atribuída pelo governo à
guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional), embora não tenha sido
descartada uma possível participação de rebeldes das FARC (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia) distanciados do acordo de paz firmado em 2016.
O ELN já realizou ataque semelhante contra a Escola de Cadetes da Polícia em
2019.
Segundo o ministério colombiano da Defesa, pelo menos duas explosões foram
registradas junto às instalações da 30ª Brigada do Exército na
terça-feira.
Imagem de Nossa Senhora intacta após explosão
Quanto à imagem de Nossa Senhora que ficou intacta após a explosão, uma
reportagem do jornal La Opinión informa que ela “estava localizada muito
perto do ponto onde o veículo explodiu”. Apesar dessa proximidade, que
normalmente ocasionaria a destruição da imagem pela força do impacto, a
reportagem confirma que ela não sofreu nenhum dano.
Fotos compartilhadas na redes sociais, de fato, mostram os estragos no
local do atentado e o vidro de proteção da imagem despedaçado.
Esta imagem de Maria foi desenhada por Patricia Pérez, esposa de um
comandante militar, e elaborada por soldados do 9º Batalhão de Operações
Terrestres. A invocação pela qual ela passou a ser conhecida é,
significativamente, “Virgen de la Protección”.
É um milagre?
Não. Não se pode falar tecnicamente em milagre quando existem explicações
científicas plausíveis para um acontecimento. Neste caso, uma considerável
gama de variáveis é capaz de explicar por que o impacto de uma explosão pode
deixar intactos alguns objetos em seu raio de alcance.
O uso do termo “milagre” é comum diante de fenômenos que parecem
sobrenaturais: na grande maioria dos casos, porém, o uso dessa palavra é bem
intencionado, mas, como termo técnico, é precipitado e equivocado.
Milagres são fenômenos cientificamente inexplicáveis que contradizem as
regras da natureza conforme as conhecemos. Para que algum fenômeno possa ser
oficialmente declarado como de caráter sobrenatural por parte da Igreja, são
necessários prudentes e detalhados estudos. A Igreja segue critérios
científicos bastante rígidos para afirmar algum milagre. Os milagres de
cura, por exemplo, chegam a demorar décadas até serem reconhecidos. Os fatos
precisam ser cuidadosamente estudados por médicos, revisados por cientistas
(na maioria dos casos, laicos e até mesmo ateus), expostos às críticas
públicas e, só depois de feitos todos os estudos científicos, a própria
Igreja faz a análise teológica mediante o trabalho das suas comissões de
especialistas em teologia.
Então é um “sinal”?
Entendendo-se por “sinal” aquilo que carrega um “significado”, certamente
não há erro em dizer que sim, é um sinal natural – ou seja, um fato raro e
chamativo, mais ainda assim “previsto” na ordem natural das coisas. Esse
tipo de fato, por mais que seja inusitado ao nosso olhar, significa
primariamente a própria existência de uma ordem natural – e isto já é
grandiosamente instigante: existe uma ordem natural em vez de mero
acaso.
De fato, não é apenas o sobrenatural que pode nos impactar: a natureza
mesma, incluindo a nossa capacidade natural de admirar o belo, também tem
muito a nos dizer, dado que o fascínio da natureza, em si mesmo, já nos
remete a uma das perguntas-chave da filosofia e da ciência: qual é a origem
de tudo isso?
Um acontecimento chamativo, mas explicável pela ordem natural das coisas,
pode servir como “gatilho” para reflexões importantes.
O cristão acredita que Deus nos fala através de sinais, sejam naturais,
sejam sobrenaturais, e que Ele sempre deixa à liberdade de consciência de
cada um a decisão final de como interpretá-los. Os próprios ateus, aliás,
costumam enfatizar que as tragédias são uma “prova” de que Deus não existe,
apelando para a sua “fé” na inexistência de Deus com base em sinais
passíveis de interpretações pessoais (que, aliás, cientificamente falando,
não são válidos como provas).
Para quem crê na inexistência de Deus, tudo é e será sempre mero acaso e
falta de sentido. Para quem acredita em Deus e no sentido sobrenatural da
existência, tudo é e será sempre um grande milagre, testemunhado por uma
abundância de sinais repletos de sentido.
“Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de Suas
mãos” (Salmo 18, 2).
via
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