Arquidiocese de Goiânia fará auditoria externa para analisar contas e nega desvios na AFIPE


MP investiga se doações foram usadas para comprar imóveis. Padre Robson pediu afastamento da entidade e nega irregularidades.



A Arquidiocese de Goiânia informou que uma empresa será contratada para fazer uma auditoria nas contas da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), alvo de operação do Ministério Público por suspeita de desvio de dinheiro, em Trindade. A entidade nega ainda que os valores arrecadados com doações tenham sido usados para outras finalidades que não as religiosas. O padre está afastado da Afipe e teve os direitos de realizar celebrações suspensos temporariamente. Ele nega as irregularidades.

“Não houve desvios. Não houve laranjas”, afirma o comunicado. Na última sexta-feira (21), o Ministério Público realizou a Operação Vendilhões. De acordo com as investigações, em dez anos, a Afipe movimentou R$ 2 bilhões. Os promotores apuram se R$ 120 milhões foram usados para finalidades fora das atividades religiosas, como a compra de uma fazenda no valor de R$ 6,3 milhões e uma casa de praia na Bahia por R$ 2 milhões.



Em uma nota à imprensa, a Arquidiocese de Goiânia disse que as informações divulgadas até o momento são, na verdade, “meias conclusões apressadas” e que as doações têm finalidade específicas e “tiveram aplicações diversas para conservar seu poder aquisitivo”. Além disso, detalhou que, dessa forma, foi possível a aquisição da TV Pai Eterno, instrumento de evangelização da Afipe.

O padre Robson pediu afastamento da reitoria da Afipe no mesmo dia em que a operação foi realizada. Em um vídeo gravado em sua rede social, ele diz que o objetivo é poder contribuir da melhor forma com as investigações e provar sua inocência.

Durante o seu afastamento a Arquidiocese informou que a Afipe vai contratar uma empresa para uma auditoria externa, “no sentido de ser realizada ampla e profunda apuração de documentos e dados relativos à Afipe”.



Investigações

Segundo o Ministério Público, a entidade presidida pelo padre recebia cerca de R$ 20 milhões em doações mensalmente. O dinheiro seria usado, entre outras finalidades, para a construção da nova Basílica, orçada, inicialmente, em R$ 100 milhões. A construção, que tinha previsão de entrega para 2022 e foi adiada para 2026, ainda está na fase inicial.

Os promotores apontam que Robson criou "várias associações com nome de fantasia Afipe ou similar, com a mesma finalidade, endereço e nome”. Conforme apurado pelo MP, as filiadas da Afipe também são voltadas para a “evangelização por meio da TV, para obras sociais e para a construção da Nova e Definitiva Casa do Pai Eterno, em Trindade” e que, para esse fim, recebem doações de fiéis de todo o Brasil.

Entre anos de 2016 e 2018, os donativos atingiram um montante de mais de R$ 746 milhões, de acordo com o órgão, que investiga se parte do valor, aproximadamente R$ 120 milhões, foi desviado para empresas e pessoas investigadas no processo.

De acordo com o MP, a Afipe se tornou “uma grande empresa”. Algumas empresas com as quais a associação negociava tinham os mesmos sócios e funcionavam no mesmo endereço.

Caso de extorsão originou ação

De acordo com o MP, a operação se originou por conta de outra investigação vinculada ao padre Robson. Conforme o apurado, na ocasião, o religioso, após ser vítima de extorsão, "utilizou indevidamente recursos provenientes de contas das associações que preside".

Um hacker chegou a ser condenado em março do ano passado por extorquir R$ 2 milhões do padre, ameaçando revelar um suposto caso amoroso. Porém, a polícia apontou que as mensagens usadas na tentativa de extorsão eram falsas.

A investigação apontou que o padre foi extorquido durante dois meses, entre março e abril de 2017, e que teria repassado parte do valor solicitado usando dinheiro da Afipe. No entanto, na ocasião, a entidade disse que “não teve nenhum prejuízo financeiro e todo o valor já voltou para a instituição”.

De acordo com as investigações, o dinheiro foi repassado por meio de transferências bancárias e entregas em espécie. Os pagamentos eram feitos em quantias de R$ 50 mil a R$ 700 mil. Em alguns casos, o valor era deixado dentro de um carro na porta de um condomínio ou no estacionamento de um shopping da capital. Uma das entregas foi supervisionada pela Polícia Civil a fim de identificar e localizar todos os criminosos. 

via G1
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