Padre Augusto Bezerra envia carta ao MP-RJ sobre a retirada da Virgem Maria de uma praça


E-MAIL ENVIADO AO PROMOTOR Dr. Pedro Rubim Borges Fortes.



Primeiramente, me apresento. Chamo-me Padre Augusto. (…) Vi com consternação as notícias sobre a ação pública movida por este MP contra o uso da imagem de Nossa Senhora Aparecida na Praça Milton Campos, que por nossa comunidade católica e até por amigos protestantes está sendo interpretada como um atentado à liberdade religiosa.



Não me alongarei muito. Mas veja bem: resido atualmente numa cidade em que Religião, Cultura e história nacional se confundem de tal maneira que toda Roma é cercada de imagens e oratórios, em igrejas ou praças públicas, pequenas vielas ou grandes avenidas. Nessa mesma cidade vivem muçulmanos, ateus, cristãos, agnósticos, e outros de fora vêm aqui contemplar todas essas coisas, fotografar, conhecer, sim, pessoas que nem sequer professam a nossa fé. E os que são diversos de nós convivem muito bem com os sinais históricos e religiosos que fazem parte da alma dessa cidade.

Num Brasil, majoritariamente cristão, também não se pode separar fé, cultura e cidadania sem ofender uma numerosa parcela da sociedade. Imagine remover uma imagem de São Jorge de uma praça! Quantas religiões estarão envolvidas nessa polêmica? Tenha certeza que não só os católicos!

Onde quero chegar? Os símbolos religiosos não são mera manifestação de fé, e lamento tanto que um homem de seu nível, formação e cultura pareça não ter se dado conta disso – mas, espero estar enganado. Tais símbolos fazem parte da história de um povo, de valores de seus cidadãos, são bens materiais e imateriais para uma gente que sofre, que chora, que reza, principalmente quando as mãos assassinas de políticos corruptos esmagam suas vidas contra o chão dessa Terra de Santa Cruz. E, às vezes, é uma prece diante de um símbolo religioso, ou uma mera contemplação de seu significado que lhe dá a força para não desesperar e lutar por mais um dia. Entende que aí é muito mais do que a fé? A sociedade sobrevive diariamente dessa esperança que um pequeno ato de fé gera! Quantos bens para uma sociedade vem dessa gente que crê. Já não bastam seus sofrimentos extenuantes numa nação depredada e quer lhes tirar até o que lhes consola, conforta, reanima e encoraja?

Agora, imagine se quando o Cristo Redentor estivesse sendo instalado aparecesse um promotor como o sr. para proibir de ser instalada aquela que um dia se tornaria uma das 7 Maravilhas do Mundo e que aporta ao nosso município não só o símbolo da esperança e da fé do povo brasileiro, mas riquezas que vem pelo turismo e gente de toda parte do mundo para admirar. E ali mesmo, no Corcovado, outras religiões vão celebrar em sinal de tolerância cotidianamente.

Recebi comentários de protestantes que se manifestaram contra essa ação do MP dizendo que são a favor da permanência da imagem onde ela está, e que eles também se sentem incomodados com tal intolerância. Tais irmãos protestantes parecem ser mais democráticos e parecem entender bem melhor o que seja um estado laico de respeito e tolerância do que quem move essa ação contra seus próprios concidadãos.

Por fim, garanto ao sr. que nos uniremos católicos, amigos evangélicos, religiões afro e cidadãos cariocas em geral, para contestar publicamente a falsa tese de estado antirreligioso que se esconde por detrás do jargão “estado laico”, provando assim a nossa tolerância e convívio pacífico que estão na base de nossa unidade nacional como estado de direito, garantidor da liberdade religiosa.



Padre Augusto Bezerra

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