Primeiro Mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas”


Jesus tornou perene os Dez Mandamentos como lei moral. 



Quando o jovem lhe perguntou o que era necessário fazer para ganhar o céu, Ele disse: “Se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos. Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra pai e mãe” (Mt 19,16-19).


O Primeiro dos Mandamentos se refere a Deus. “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento” (Mt 22,37). Estas palavras seguem as do Antigo Testamento: “Escuta; Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único” (Dt 6,4-5).

O primeiro preceito abrange a fé, a esperança e a caridade, pois, quando se fala de Deus, fala-se de um Ser constante, imutável, fiel, perfeitamente justo. Então, devemos necessariamente aceitar Suas palavras e ter Nele uma fé e uma confiança plenas. Nossa vida moral encontra sua fonte na fé em Deus. S. Paulo fala da “obediência da fé” (“O justo viverá pela fé” – Rm 1, 17), como da nossa primeira obrigação. Ele vê no “desconhecimento de Deus” o princípio e a explicação de todos os desvios morais. De fato, os males deste mundo têm a sua causa mais profunda numa vida sem Deus, como hoje acontece. O Papa João Paulo II disse que o homem hoje “vive como se Deus não existisse”; e Bento XVI disse há pouco que “Deus foi expulso do mundo”.

Como poderemos ser felizes sem o auxílio e proteção de Deus? Expulsamos Deus das famílias, das escolas, dos clubes, das ruas, das fábricas, das universidades, das praças, do comércio… e queremos ser abençoados por Ele? É uma grande incoerência. Ninguém é feliz de verdade se não vive segundo as santas leis de Deus. “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor”, grita o salmista.

Deus deve ser amado e adorado sobre todas as coisas porque é o fundamento de todo o universo; tudo o que existe fora do nada foi criado por Ele; com amor, sabedoria e poder Ele criou todas as coisas a partir do nada. Deus é Eterno, Incriado, não teve princípio e não terá fim; é Onisciente, sabe tudo, nada lhe é oculto; é Onipotente, pode tudo, nada lhe é impossível; é Onipresente, está presente em todo lugar; é amor; é Pai; é Perfeitíssimo, Nele não há sombra de erro, Ele não pode se enganar e não pode enganar a ninguém. Deus tem uma Glória infinita, uma Majestade suprema, a quem todas as criaturas devem reconhecer e se curvar.

Hoje fala-se bastante dos “direitos do homem”, mas muito se esquece dos “direitos de Deus”. Esse direito é que prescreve o Primeiro Mandamento. Ele condena o politeísmo e as formas de idolatria. Amar a Deus é crer e esperar somente Nele, e amá-lo acima de tudo. Adorar a Deus, orar a Ele, oferecer-lhe o culto que lhe é devido, cumprir as promessas, obedecer a seus Mandamentos. Crer em Deus é obedecer as leis que Ele nos ensina através a Igreja Católica que Cristo deixou na terra para salvar o mundo. Ele disse aos Apóstolos: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (Lc 10,16).

São faltas graves contra o amor a Deus, contra o Primeiro Mandamento: a superstição, o ateísmo, a magia, o espiritismo, a idolatria, a simonia (comércio de funções sagradas), a blasfêmia contra Deus e os santos, tentar a Deus, recurso a Satanás ou aos demônios para descobrir o futuro, consulta a horóscopos, necromantes (consulta aos mortos), cartomantes (consulta a cartas), a quiromancia (leitura da mão), a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão, o recurso a médiuns; porque tudo isto esconde uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e, finalmente, sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. É o chamado ocultismo (cf. Lv 19,31; 20,6.9.27; Dt 3,19; 18,9-14; 1Cr 10,12-13). Tais práticas deixa a pessoa predisposta, aberta para a ação do demônio nela.

Também a feitiçaria, com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos, para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – mesmo que seja para proporcionar a este a saúde – são contra a religião, diz o Catecismo da Igreja (§ 2110 a 2117).

A superstição é o desvio do sentimento religioso. É acreditar por exemplo em sorte dada por uma ferradura colocada na porta, sal grosso para espantar maus espíritos, bater na madeira para isolar o mal; etc. A ação de tentar a Deus consiste em pôr a prova, em palavras ou em atos, sua bondade e sua onipotência. A Igreja ensina que Deus pode revelar o futuro a seus profetas ou a outros santos. Todavia, a atitude cristã correta consiste em entregar-se com confiança nas mãos da Providência em relação ao futuro, e em abandonar toda curiosidade doentia a este respeito. A imprevidência pode ser uma falta de responsabilidade. A Providência divina não exclui a necessidade dos cuidados humanos contra os perigos, roubos, acidentes, saúde, segurança, etc.

O Primeiro Mandamento manda-nos alimentar e guardar com prudência e vigilância nossa fé e rejeitar tudo o que é contrária a ela. Há diversas maneiras de pecar contra a fé: a dúvida voluntária sobre a fé recusando ter como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe para crer. A incredulidade, não dar crédito para a verdade. A heresia, é o grave pecado do batizado de negar qualquer verdade que a Igreja ensina, ou a dúvida pertinaz a respeito dessa verdade. A apostasia, é o repúdio total da fé cristã. O cisma, é a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice. A tibieza, é a negligência em responder ao amor de Deus vivendo uma vida santa. A preguiça espiritual impede uma vida de oração, trabalho para Deus e para os irmãos.

É justo oferecer a Deus sacrifícios em sinal de adoração e de reconhecimento, de súplica e de comunhão. Por devoção pessoal, o cristão pode também prometer a Deus este ou aquele ato, promessa, oração, esmola, jejum, peregrinação etc. E deve cumprir sua promessa em respeito á Majestade de Deus.

O Primeiro Mandamento visa também os pecados contra a esperança, que são o desespero e a presunção. Pelo desespero, o homem deixa de esperar de Deus sua salvação pessoal, os auxílios para alcançá-la ou o perdão de seus pecados. A presunção é a pessoa achar que já está salva sem o auxílio da graça de Deus e da luta contra o pecado.

Também são pecados contra o Primeiro Mandamento: a ação de tentar a Deus em palavras ou em atos, o sacrilégio e a simonia. A ação de tentar a Deus consiste em pôr Deus à prova, em palavras ou em atos, sua bondade e sua onipotência. Foi assim que Satanás quis conseguir que Jesus se atirasse do alto do templo e obrigasse Deus, desse modo, a agir. Jesus opõe-lhe a Palavra de Deus: “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Dt 6,16). O sacrilégio, consiste em profanar ou tratar indignamente os sacramentos e as outras ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando cometido contra a Eucaristia. A simonia, é a compra ou a venda de realidades espirituais. “De graça recebestes, dai de graça” (Mt 10,8). O ateísmo abrange fenômenos muito diversos: o materialismo prático, de quem limita suas necessidades e suas ambições ao espaço e ao tempo; o humanismo ateu que considera que o homem é “seu próprio fim e o único artífice e dono de sua própria história”. Diz o nosso Catecismo que: Outra forma de ateísmo contemporâneo espera a libertação do homem pela via econômica e social, rejeitando a religião como algo alienante… (cf. §2123 a 2126)

Desde o Antigo Testamento, Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens como a serpente de bronze, a Arca da Aliança e os querubins (Ex 25,18-22). O Concilio de Nicéia (em 787), justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Deus não proíbe as imagens, mas sim as imagens de ídolos, mas isto a Igreja católica nunca fez.

Prof. Felipe Aquino

via Cléofas

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