Casal conversa pelas paredes da Basílica de Aparecida e vídeo do momento encantou os internautas


O diálogo inocente de um casal, propagado pelas paredes da basílica de Aparecida (SP), viralizou nas redes sociais. 



O vídeo que mostra o momento em que eles descobrem os 'segredos' da acústica da igreja e passam a 'falar com as paredes', como se estivessem em um telefone, encantou os internautas. Ao ouvir a voz do marido à distância, a aposentada Leila Cerrao dispara: 'É um mistério'. O fenômeno é explicado pela física. 



A postagem foi feita no Twitter pela filha do casal, a bibliotecária Natalia Cerrao, na noite da última quinta (10). Ela disse que os pais, que são de São Carlos (SP), estiveram após o Natal em Aparecida e gravaram o vídeo, que só foi descoberto pelo restante da família na última semana. A visita deles ao templo foi no dia 26 de dezembro de 2018.


"Quando eu vi, achei muito bonita a inocência e a espontaneidade deles, eles são sempre assim. Apesar de achar o vídeo super divertido, não imaginei que ia viralizar desse jeito", disse ao G1.

Já são mais de 440 mil visualizações em apenas um dos vídeos. A maioria delas rendeu elogios ao casal ou divertiu os internautas, que riram do diálogo. Outros tentam explicar o fenômeno por meio da física e arquitetura.

"Me vende seus pais ? Estou precisando de dois assim", disse um dos internautas. "Creio que todos nós somos inocentes, pois todos os dias descobrimos algo novo. Pra mim isso é bom demais, só acrescenta em nossa vida", disse outro.



Experiência

O engenheiro Ailton Cerrao, de 60 anos, contou usou o celular para 'provar o feito' aos familiares, pra quem ele pretendia mostrar a curiosidade. "Fiquei sabendo que agora a gente está famoso na internet", disse ao G1 ao ser informado que o vídeo já tinha sido visto milhares de vezes.

Ele começa a gravação dando instruções à esposa e diz, logo no começo, que ela 'pode falar a vontade'.




Ao saber que Leila tinha a intenção de mostrar pra ele como o som chegava do outro lado do ambiente, ele orientou. 'Ué, dá um jeito de gravar (...) eu estou te gravando', afirmou. 

(veja o vídeo da Leila acima)

A partir daí, o casal começa a descrever a experiência com expressões como 'inacreditável', 'não dá para se conformar', 'é um mistério' e 'eu amei'. O vídeo termina como quem encerra uma ligação telefônica amigável - 'beijo, tchau', diz o marido ao encerrar a comunicação.

Leila, de 50 anos, contou que soube que as paredes do basílica 'falam e ouvem' em um reportagem que assistiu em 2017 no Globo Repórter, sobre os 300 anos da Padroeira. "Eu já tinha ido ao Santuário Nacional outras vezes, mas não sabia disso. Vi o programa e guardei essa informação, achei interessante. Chegando lá falei pro Aílton pra gente testar", afirmou. No vídeo, eles estão a 8,5 metros de distância um do outro, diagonalmente.

Ela contou que romeiros que estavam no local estranharam ao vê-los com o rosto encostado na parede. "As pessoas ficavam olhando, porque testamos em vários pontos. Mesmo sabendo que isso é por causa da arquitetura, fiquei surpresa ao perceber que o som, mesmo à distância, saía tão claro", afirmou a aposentada.

Ciência

O físico Augusto Melo, do canal Desenrolado.com, analisou o vídeo e explicou que o que ocorreu na basílica, no experimento do Aílton e da Leila, é um fenômeno que consiste na recepção e transmissão de ondas sonoras através da reflexão nas paredes. Elas comportam como 'espelhos acústicos parabólicos', por causa da geometria.

"As ondas sonoras que incidem nas pilastras, são refletidas e convergem para os pontos denominados focos", disse o professor. (veja arte abaixo)

O físico Aníbal Fonseca detalhou que esse é um fenômeno natural de onda sonora, que em condições arquitetônicas como a da basílica, com a curvatura dos arcos e simetria, faz com que os todos os sons tenham convergência em pontos específicos da estrutura.

"Então essa reflexão do som [de um lado para o outro] precisa de uma situação peculiar, de simetria do ambiente, da curvatura no teto", disse o físico. Ele também explicou que o material usado na construção ajuda a refletir o som e, quanto mais for considerado duro, melhor - as paredes do templo são de tijolo.

Fonseca sinalizou ainda que quem não tiver oportunidade de ir à basílica, consegue ver como o fenômeno funciona, por exemplo, no museu Catavento, em São Paulo, e no Museu Interativo de Ciências, em São José, onde estão instaladas conchas acústicas que mostram na prática como as ondas são propagadas em condição específicas.

O físico Ismael Ribeiro lembrou que o mesmo efeito, batizado de 'whispering galleries' (galerias sussurantes), ocorre também na catedral de Brasília e na catedral de São Paulo, em Londres. "Na basílica [de Aparecida], quando uma pessoa fala de um lado, devido a forma elíptica da arquitetura, o som se propaga e é refletido na direção do outro foco, onde a segunda pessoa está, podendo assim ouví-la perfeitamente", disse.


via G1

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