Nem ouro, incenso ou mirra, mas nosso coração!


A fé é dom e quer contar conosco você neste Ano Novo! 

Pobre por condição e opção! Nascido em uma pátria insignificante. Crescido em uma pequena aldeia. Organizado por algumas dúzias de famílias. Desprovido de condições dignas de vida, devido à carência social da Galileia. Um simples carpinteiro teve que assumir o ofício do pai. Constatou de perto o sofrimento de seu povo no cativeiro da lei e no cativeiro do Império Romano, com seus altos impostos.



Não priorizou a língua dos grandes comerciantes, o grego; nem o idioma religioso da época, o hebraico. Utilizava de um dialeto, o aramaico, para anunciar a mensagem evangelizadora do Reino de Deus. É provável que o grego e o hebraico só tenham sido usados quando extremamente necessários. Em uma época marcada pela pobreza, pela fome, pelo desemprego e pelo endividamento: nasceu o Menino Jesus, sacramento do amor do Pai!

Hoje, bastante diferente da simplicidade do presépio, o Natal tem se tornado uma grande disputa, cada vez mais comercial e menos religiosa. Divididas estão as pessoas entre o Evangelho da Fé e o evangelho do mercado, entre o belo-supérfluo dos presentes e o singelo-necessário do presépio. Vozes e mais vozes ecoam com o ‘Jingle Bells’ e fazem esquecer a ‘Noite Feliz’!


Há uma séria dificuldade em compreender onde tudo começou. Custa para alguns aceitar que o Mestre de Nazaré, nasceu em um estábulo, conhecido, na época, como um lugar para recolher cavalos e o gado em geral. Ali eles dormiam, ficavam protegidos do frio, da chuva e se alimentavam. Isso sem falar da manjedoura. Dentro da realidade da estrebaria, a manjedoura é um cocho, onde se põe comida para os animais e foi lá que Jesus nasceu. Com todo respeito ao ‘bom velhinho’, não convém que o espírito do Natal seja confundido com uma mágica entrega de presentes, que só nos faz mais consumistas e menos espirituais.

A essência do Natal está em um Deus que se fez criança. Ele não nos ameaça em nada. Pelo contrário, necessita de nosso cuidado e dedicação. Só por isso temos podido contemplá-lo. Somos iluminados por Ele: “Para os que habitavam na terra da escuridão uma luz começou a brilhar” (Is 9,1). Esvaziou-se de Si mesmo, exceto de sua condição Divina, para partilhar de nossas dores e pobreza. Conheceu na própria pele as feridas do sofrimento e da extrema pobreza, pois não tinha “onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20).

A grande verdade é que “o Verbo se fez carne” (Jo 1,14) e aqui pensamos:“Como é possível? O Verbo e a carne são realidades opostas entre si; como pode a Palavra eterna e onipotente tornar-se um homem frágil e mortal? Só há uma resposta possível: o Amor. Quem ama quer partilhar com o amado, quer estar-lhe unido [...]” (Bento XVI). O Natal sempre será a feliz memória de um Deus louco de amor por nós. Ele nos recorda toda a intensidade da fé no Pai Eterno, que não mede condições nem impõe limites para amar.  

Para os que não creem isso se parece com a reprodução de insanidades ou de mitos antigos, atualizados pelos cristãos. Não esquentemos a cabeça. O mais importante é que esta Solenidade é celebrada há mais de dois mil anos, independente daqueles que a vivenciam, daqueles que a deturpam e também daqueles que não a compreendem. O Menino Deus nasceu para todos!

Aquele que deposita a fé no Natal, com toda a sua verdade, é capaz de atualizar a encarnação do Amor todos os dias: falando bem, quando os outros o instiga a falar mal; se silenciando, onde a fofoca e a calúnia imperam; dando de comer e de beber aos inimigos, na ocasião em que os magoados o incita a pagar o mal com o mal; falando a verdade, quando também poderia mentir, mas não o fez; sendo taxado de bobo e fraco, em um sociedade que prioriza o ditado de não levar desaforo para casa; compreendendo o limite dos outros, quando poderia agir com egoísmo; utilizando o diálogo para chegar a um denominador comum, frente a desculpa: “Falo tudo o que penso. Sou assim mesmo e não vou mudar”.

Todas às vezes que agimos com ética no trabalho, com respeito à dignidade do outro, com consideração àqueles que estão a nossa volta, com disposição para conviver entre as feridas alheias e, aos poucos, transformá-las pelo amor do Pai: o Verbo se faz carne novamente! Isto serve para os que creem, como também para os ateus e céticos. Independente de ter fé ou não, o que vale é a honestidade pessoal, a retidão nas atitudes e um comportamento coerente de acordo com as suas verdades. Talvez, este seja o maior apelo do Natal, meu querido irmão, minha querida irmã!

Deus se torna humano em Jesus. Este é o mistério da encarnação! Ele nasce para devolver o dom da esperança a cada um de nós. Que, na noite do Natal, possamos renovar a nossa espera confiante, sabendo que “passou o que era velho, eis que tudo se fez novo” (2 Cor 5,17). Não percamos a fé nem deixemos de crer na evangelização, pois “manifestou-se a graça de Deus, que traz a salvação para todos” (Tt 2,11).

Mesmo com toda a importância simbólica do ouro, do incenso e da mirra, o Menino Jesus está a pedir uma única coisa: o meu e o seu coração! Não tenhamos medo desta entrega, pois foi assim que um dia Ele se ofereceu a nós: entre animais, palhoças e na mais absoluta pobreza. Sua única riqueza era o Amor! Algo que o humano procura até hoje, vagando pelo mundo, perdido no vazio existencial, sem rumo e sem paz. Sendo a fé o caminho para o Pai Eterno, não nos esqueçamos de que o presépio é o atalho. Portanto, corramos para Belém. Lá o Amor espera por nós! Feliz Natal!

Pe. Robson de Oliveira, C.Ss.R.

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