"Se é para ser cidadão mendigando cesta básica, passagem para ir ao médico, dinheiro para comprar um remédio, um serviço para ganhar trocado, NÃO ACEITO".
O padre Miguel Lucas da Costa, natural do Estado brasileiro do Ceará, está está em missão há mais de três anos na cidade de Boca do Acre, que, embora se localize no sul do Estado do Amazonas, faz parte da diocese de Rio Branco, a capital do Acre.
Um texto fulminante do sacerdote vem circulando desde novembro pelas redes sociais.
A pedido do vereador José Silva Noronha (PSD), ele receberia da Câmara Municipal de Boca do Acre o título de “Cidadão Bocacrense“. O padre Miguel, no entanto, recusou a honraria e, para explicar seus motivos, escreveu a carta retumbante que compartilhamos a seguir – porque é válida para todos os políticos, do país inteiro, que ainda não entenderam as reais e urgentes obrigações que têm para com o povo que supostamente representam.
Eis a carta com a claríssima mensagem do pároco:
Eu, Pe. Miguel Lucas da Costa, pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, em Boca do Acre – Amazonas, pertencente à Diocese de Rio Branco – Acre, venho através desta expressar a NÃO ACEITAÇÃO do TÍTULO DE CIDADÃO BOCACRENSE, a ser concedido pela Câmara Municipal dos Vereadores desta cidade de Boca do Acre.Como posso receber um título de cidadão, se os cidadãos naturais não têm os seus direitos respeitados? Como se sentir um cidadão se os cidadãos próprios de Boca do Acre, principalmente os mais pobres, levam uma vida de miseráveis?Se vou me tornar um cidadão, gostaria de viver como cidadão, com os direitos básicos garantidos: saúde, emprego, educação, saneamento básico.Agora, se é para ser cidadão como os cidadãos de Boca do Acre vivem, mendigando cesta básica, uma passagem para ir ao médico em Rio Branco, uma ajuda para uma cirurgia, um dinheiro para comprar um remédio, um serviço para ganhar um trocado, NÃO ACEITO.Como posso abrir a boca e bater no peito e dizer orgulhosamente que sou Cidadão Bocacrense quando vejo o povo padecer por não ter um hospital digno, onde a saúde é péssima, ruas esburacadas e tomadas pela lama, esgoto a céu aberto, água sem tratamento e o pior: localidade que, devido à distância, nem água tem para o consumo diário. Viver dessa forma é ser cidadão? Se é, NÃO ACEITO SER.Gostaria, sim, que, em vez de aprovarem o título de Cidadão para mim, aprovassem PROJETOS que venham a favorecer a vida do povo, principalmente dos mais pobres, que são humilhados sem o necessário para a sua sobrevivência.O povo, quando elege um vereador, tem a esperança de que as coisas vão mudar. Acredita que não está sozinho na luta por dias melhores, pois o vereador iria representá-lo e reivindicar os seus direitos.Isso, na grande maioria, se torna uma frustração para o povo, pois os seus representantes representam-se a si mesmos.Um dia, quem sabe, poderei receber esse tão nobre título de Cidadão Bocacrense, se de fato eu puder, assim como os demais cidadãos desta terra querida, desfrutar de uma vida digna, com todos os direitos garantidos, próprios de todo ser humano.Isso é ser Cidadão. Se o povo de Boca do Acre vive como esse cidadão, seria uma imensa alegria para mim também ser cidadão bocacrense.
Além do texto, até imagens da carta original têm circulado pelas redes graças a cidadãos de todos os Estados brasileiros que compartilham da mesma opinião do pe. Miguel.
A pedido do vereador José Silva Noronha (PSD), ele receberia da Câmara Municipal de Boca do Acre o título de “Cidadão Bocacrense“. O padre Miguel, no entanto, recusou a honraria e, para explicar seus motivos, escreveu a carta retumbante que compartilhamos a seguir – porque é válida para todos os políticos, do país inteiro, que ainda não entenderam as reais e urgentes obrigações que têm para com o povo que supostamente representam.
Eis a carta com a claríssima mensagem do pároco:
Eu, Pe. Miguel Lucas da Costa, pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, em Boca do Acre – Amazonas, pertencente à Diocese de Rio Branco – Acre, venho através desta expressar a NÃO ACEITAÇÃO do TÍTULO DE CIDADÃO BOCACRENSE, a ser concedido pela Câmara Municipal dos Vereadores desta cidade de Boca do Acre.Como posso receber um título de cidadão, se os cidadãos naturais não têm os seus direitos respeitados? Como se sentir um cidadão se os cidadãos próprios de Boca do Acre, principalmente os mais pobres, levam uma vida de miseráveis?Se vou me tornar um cidadão, gostaria de viver como cidadão, com os direitos básicos garantidos: saúde, emprego, educação, saneamento básico.Agora, se é para ser cidadão como os cidadãos de Boca do Acre vivem, mendigando cesta básica, uma passagem para ir ao médico em Rio Branco, uma ajuda para uma cirurgia, um dinheiro para comprar um remédio, um serviço para ganhar um trocado, NÃO ACEITO.Como posso abrir a boca e bater no peito e dizer orgulhosamente que sou Cidadão Bocacrense quando vejo o povo padecer por não ter um hospital digno, onde a saúde é péssima, ruas esburacadas e tomadas pela lama, esgoto a céu aberto, água sem tratamento e o pior: localidade que, devido à distância, nem água tem para o consumo diário. Viver dessa forma é ser cidadão? Se é, NÃO ACEITO SER.Gostaria, sim, que, em vez de aprovarem o título de Cidadão para mim, aprovassem PROJETOS que venham a favorecer a vida do povo, principalmente dos mais pobres, que são humilhados sem o necessário para a sua sobrevivência.O povo, quando elege um vereador, tem a esperança de que as coisas vão mudar. Acredita que não está sozinho na luta por dias melhores, pois o vereador iria representá-lo e reivindicar os seus direitos.Isso, na grande maioria, se torna uma frustração para o povo, pois os seus representantes representam-se a si mesmos.Um dia, quem sabe, poderei receber esse tão nobre título de Cidadão Bocacrense, se de fato eu puder, assim como os demais cidadãos desta terra querida, desfrutar de uma vida digna, com todos os direitos garantidos, próprios de todo ser humano.Isso é ser Cidadão. Se o povo de Boca do Acre vive como esse cidadão, seria uma imensa alegria para mim também ser cidadão bocacrense.
Além do texto, até imagens da carta original têm circulado pelas redes graças a cidadãos de todos os Estados brasileiros que compartilham da mesma opinião do pe. Miguel.
Via Aleteia
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