Conta-se que, aos pés de um grande crucifixo junto ao confessionário de uma igreja de povoado, um pecador confessou certa vez os seus pecados e o padre hesitou em absolvê-lo, porque o pobre homem recaía sempre nas mesmas faltas. O sacerdote lhe administrou o perdão de Cristo, mas repetiu:
— Procura não mais recair.
O penitente prometeu. Mas era fraco – e recaiu. Tornou então ao sacerdote, que o acolheu desta vez com severidade:
— Desta vez não te absolvo!
O penitente replicou:
— Quando eu prometi, fui sincero. Mas também sou fraco. Padre, dê-me a absolvição!
E novamente o confessor o perdoou, mas reforçou com ênfase:
— É a última vez!
Algum tempo depois, o penitente voltou. O sacerdote foi áspero:
— Você recai sempre! O seu propósito não é sincero.
O penitente respondeu:
— É verdade, padre, que eu recaio sempre, porque sou fraco, porque sou doente. Mas o meu arrependimento é sincero!
O padre, porém, não recuou:
— Não. Não há perdão para você.
Do Crucifixo, no entanto, sentiu-se um pranto. O Cristo Crucificado desprendeu a mão direita da cruz e, levantando-a, traçou sobre a cabeça daquele pecador o sinal da absolvição. Contemporaneamente, a voz que vinha da cruz disse ao sacerdote:
— Tu não derramastes o teu sangue por ele!
Este relato popular ilustra o quanto é delicado o equilíbrio entre a Justiça de Deus e a Sua Misericórdia: sim, é fundamental que o pecador se arrependa sinceramente, porque Deus não nos força a amá-Lo quando nós mesmos, em plena liberdade, não aceitamos o Seu Amor; sim, é obrigatório para qualquer sacerdote levar em conta, a partir dos fatos concretos, o grau de sinceridade na emenda do pecador ao lhe administrar a absolvição conforme o mandamento de Cristo; mas também é crucial à fé cristã recordar incansavelmente que a Misericórdia de Deus está sempre, sempre à nossa espera para nos receber quando houver sinceridade em nosso propósito de não nos afastarmos mais d’Ele, apesar de todas as nossas fraquezas.
Via Catholicus
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