Médico arrecada R$ 350 mil em doações para ajudar as vítimas de creche em Janaúba


Um médico de São Paulo reuniu mais de R$ 350 mil em doações para ajudar as vítimas do incêndio na creche municipal de Janaúba (MG), ocorrido na última quinta-feira (5). Evandro Pereira dos Reis percorreu mais de 2.500 km no fim de semana para levar os materiais às mais de 20 vítimas ainda internadas.



Especialista em tratamento de feridas, Reis teve a ideia no mesmo dia do ato incendiário, depois de ler as notícias. "Estava no meu consultório quando acessei a internet e vi as postagens. Minha primeira reação foi ficar comovido, já que tenho filhos nessa idade", conta o médico, dono da rede Dr. Feridas, "Só uns 30 minutos depois que me toquei que podia fazer algo."
Reis viu postagens de pessoas pedindo ajuda de materiais que não eram mais usados no tratamento de pacientes com queimaduras. "Entendi que poderia usar meus conhecimentos e meus contatos para ajudar", lembra o médico.
Na mesma noite, o especialista postou no Facebook e no LinkedIn um texto em que pedia doações de materiais. A resposta foi imediata: Reis recebeu mensagens de fornecedores, conhecidos e diversos contatos para os quais fez em palestras sobre o tema pelo Brasil. "Até um fornecedor com quem eu não tenho negócio se prontificou a doar."
A questão tornou-se logística. Reis partiria da sua clínica no Paraíso, região central da capital paulista, rumo a Montes Claros, ao norte de Minas Gerias, cidade que recebeu alguns dos pacientes, às 12h do dia seguinte, sexta-feira (6).


Mas as doações vinham de diversos lugares, como um fornecedor de São José do Rio Preto, que conseguiu enviar um frete, um laboratório em São José dos Campos, do outro lado do Estado, e outro no bairro do Cambuci, na capital. "A princípio, tentei o patrocínio de companhias aéreas para ajudar a levar, mas não consegui", revela o médico.
Só havia um jeito: ir de carro. Reis encheu o utilitário da clínica e foi com o assistente técnico rumo a São José dos Campos para depois ir a Montes Claros, uma viagem de mais de 1.200 km. Uma enfermeira da rede foi de ônibus com mais materiais.
"Exaustos, nós paramos às 3h da manhã no meio do caminho e chegamos a Montes Claros por volta das 11h da sábado", conta Reis. Mas ainda havia mais uma parada na volta: Belo Horizonte, no meio do caminho, visto que os feridos da tragédia foram distribuídos entre a Santa Casa de Montes Claros e o Hospital João XXIII, na capital mineira.
Reis e o funcionário só chegaram no fim da noite do sábado a Belo Horizonte e fecharam a doação na tarde de domingo (8). "Tem toda uma questão burocrática. Nós fizemos uma carta de doação e entregamos todas as notas fiscais."
Ao todo, foram mais de R$ 350 mil em materiais que variam dos mais simples aos mais complexos, como respiradores mecânicos e produtos específicos para o tratamento de pessoas queimadas. Só um laboratório, de nome não revelado, chegou a doar R$ 150 mil em produtos. "Tudo de última geração, da melhor qualidade", afirma Reis.
O médico explica que todas as doações foram feitas com as notas fiscais direcionadas aos hospitais. Nem ele nem sua empresa estão envolvidos na documentação. "Também não queremos dinheiro nenhum."


Depois de mais 1.200 km de volta, que fez de ônibus para que a enfermeira pudesse voltar de carro, Reis espera mais algumas doações. "Se chegarem ainda hoje, levo nessa madrugada mesmo. Lá está tudo muito urgente."
O próximo passo, segundo ele, é achar uma maneira de conseguir máquinas especializadas e produtos pós-alta, como malhas para queimados. "Estamos pensando em formas alternativas de conseguirmos dois dermátomos, um para cada hospital, que custam em torno de R$ 100 mil cada."
Cansado, Reis não se abala e diz que continuará a fazer o esforço que for preciso. "Tudo o que eu faço é pelo povo", afirma o médico.

Via Uol
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