Filho de Marcelo Rezende publica texto do pai lido em missa de sétimo dia

Diego Esteves, um dos cinco filhos de Marcelo Rezende, que morreu no dia 16 de setembro, vítima de câncer no pâncreas e no fígado, fez uma homenagem ao jornalista nesta terça-feira (10).



Ele publicou uma foto antiga com o pai e legendou com um texto de Rezende, que foi lido por todos os filhos na Missa de Sétimo Dia.
"Quando pequeno meu sonho era comer 'a comida do avião'. Morávamos - meus pais e meu irmão de criação - numa escola do antigo SAM - Serviço de Assistência ao Menor, a Febem da época. Meu pai, Jaures, conseguira um emprego. Finalmente. E nós ganhamos o direito de ocupar uma pequena casa dentro da Escola Granja, um reformatório para meninos endiabrados na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Eu incluído nessa leva", dizia o texto.
No texto, Rezende conta que um dia sua mãe realizou seu sonho de experimentar 'comida de avião'. "Que decepção. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor. Mudei a pergunta: 'Mãe, avião leva a gente pra onde?'. Você acabou de pensar que eu era abestalhado, certo? Eu tinha seis anos, mais de cinco décadas atrás. Deu para entender?  Minha mãe sei lá o que disse. Mas a vida me traria a resposta. Doze anos depois eu começaria a ser jornalista e, rapidinho, rapidinho, entrei num avião. Para sempre. Num só ano fiz 54 viagens internacionais - uma por semana. Meu recorde".




O jornalista ainda fala dos filhos. "Um filho em cada canto. E agora uma se foi para Nova Zelândia - dezesseis horas num avião.  Perdi tempo com a tal pergunta para a minha mãe. E antes que você me faça alguma pergunta, vou dizer logo: nós - você e eu - vamos viajar muito a partir de agora".
Diego foi um dos filhos de Rezende que concedeu uma entrevista exclusiva a Roberto Cabrini  no "Conexão Repórter", do SBT. Ao lado de Patrícia, ele negou desavenças ou disputas com Luciana Lacerda, última namorada de Rezende; disseram que admiram o que ela fez nos últimos meses. "Reconhecemos o que Luciana fez por nosso pai", dizem a Cabrini.


Confira o texto na íntegra:
Texto inédito do meu pai @marcelorezende.oficial que lemos com as minhas irmãs na Missa do Sétimo Dia: "Quando pequeno meu sonho era comer 'a comida do avião'. Morávamos - meus pais e meu irmao de criacão - numa escola do antigo SAM - Servico de Assistência ao Menor, a Febem da época. Meu pai Jaures conseguira um emprego. Finalmente. E nós ganhamos o direito de ocupar uma pequena casa dentro da Escola Granja, um reformatório para meninos endiabrados na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Eu incluído nessa leva. A escola ficava às margens do aeroporto internacional do Galeão, hoje  Aeroporto Tom Jobim. A cada instante aviões passavam sobre nossas cabecas - bem baixinho e com seu ronco assustador para um moleque de seis, sete anos.  Minha mãe Áurea, por coincidência, trabalhava como funcionária administrativa da Aeronáutica em outro aeroporto, o até hoje Santos Dumont, no centro do Rio. Eu perguntava: "Mãe, no avião se come? Que que come lá?" Minha mãe não sabia responder - jamais subira num avião. Não havia dinheiro para isso. E inventava histórias. Até que um dia ela me trouxe uma bandeja com a "comida de avião". Que decepcão. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor. Mudei a pergunta: "Mãe, avião leva a gente prá onde?". Você acabou de pensar que eu era abestalhado, certo? Eu tinha seis anos, mais de cinco décadas atrás. Deu para entender?  Minha mãe sei lá o que disse. Mas a vida me traria a resposta. Doze anos depois eu comecaria a ser jornalista e, rapidinho, rapidinho, entrei num avião. Para sempre. Num só ano fiz 54 viagens internacionais - uma por semana. Meu recorde. Mas só aos 30 e pouco anos de vida tive dinheiro para entrar num avião "à passeio". Era minha nova moda. Já rodei todos os continentes - se bem que Argentina, Holanda e Franca são alguns dos roteiros que mais faco. Um filho em cada canto. E agora uma se foi para Nova Zelândia - dezesseis horas num avião.  Perdi tempo com a tal pergunta para a minha mãe. E antes que você me faca alguma pergunta, vou dizer logo: nós - você e eu - vamos viajar muito a partir de agora." Boa viagem meu pai.



Texto inédito do meu pai @marcelorezende.oficial que lemos com as minhas irmãs na Missa do Sétimo Dia: "Quando pequeno meu sonho era comer 'a comida do avião'. Morávamos - meus pais e meu irmao de criacão - numa escola do antigo SAM - Servico de Assistência ao Menor, a Febem da época. Meu pai Jaures conseguira um emprego. Finalmente. E nós ganhamos o direito de ocupar uma pequena casa dentro da Escola Granja, um reformatório para meninos endiabrados na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Eu incluído nessa leva. A escola ficava às margens do aeroporto internacional do Galeão, hoje  Aeroporto Tom Jobim. A cada instante aviões passavam sobre nossas cabecas - bem baixinho e com seu ronco assustador para um moleque de seis, sete anos.  Minha mãe Áurea, por coincidência, trabalhava como funcionária administrativa da Aeronáutica em outro aeroporto, o até hoje Santos Dumont, no centro do Rio. Eu perguntava: "Mãe, no avião se come? Que que come lá?" Minha mãe não sabia responder - jamais subira num avião. Não havia dinheiro para isso. E inventava histórias. Até que um dia ela me trouxe uma bandeja com a "comida de avião". Que decepcão. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor. Mudei a pergunta: "Mãe, avião leva a gente prá onde?". Você acabou de pensar que eu era abestalhado, certo? Eu tinha seis anos, mais de cinco décadas atrás. Deu para entender?  Minha mãe sei lá o que disse. Mas a vida me traria a resposta. Doze anos depois eu comecaria a ser jornalista e, rapidinho, rapidinho, entrei num avião. Para sempre. Num só ano fiz 54 viagens internacionais - uma por semana. Meu recorde. Mas só aos 30 e pouco anos de vida tive dinheiro para entrar num avião "à passeio". Era minha nova moda. Já rodei todos os continentes - se bem que Argentina, Holanda e Franca são alguns dos roteiros que mais faco. Um filho em cada canto. E agora uma se foi para Nova Zelândia - dezesseis horas num avião.  Perdi tempo com a tal pergunta para a minha mãe. E antes que você me faca alguma pergunta, vou dizer logo: nós - você e eu - vamos viajar muito a partir de agora." Boa viagem meu pai.
Uma publicação compartilhada por Diego Esteves (@estevesfdiego) em

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