A abordagem de temas religiosos nas escolas de samba sempre foi um assunto polêmico. Foi com essa preocupação que a Arquidiocese de São Paulo, em comum acordo com a Arquidiocese de Aparecida e o Santuário Nacional, aceitou acompanhar a execução do carnaval 2017 da Escola de Samba Unidos de Vila Maria. Desde o início, tanto da parte da Igreja quanto da escola, a intenção é de fazer com que o desfile da agremiação seja uma verdadeira homenagem por ocasião dos 300 anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, sem ofender o sentimento religioso do povo católico.
Compartilhamos aqui dez curiosidades dos bastidores desta homenagem que revelam o cuidado de todos os envolvidos com a Padroeira do Brasil.
1. A Escola de Samba Unidos de Vila Maria foi a primeira agremiação que procurou a Igreja Católica para pedir licença para abordar um tema religioso num desfile no sambódromo de São Paulo
Até então, era a própria Arquidiocese de São Paulo que monitorava as escolas de samba e, ao detectar a possibilidade de temas religiosos serem abordados nos desfiles, procurava a diretoria da agremiação para oferecer assessoria. Essa relação nem sempre foi fácil. O gesto da “Vila Maria” de procurar a Igreja foi bem recebido e interpretado como intenção de respeitar a devoção do povo pela Senhora Aparecida.
2. Presente do Santuário de Aparecida
A agremiação recebeu de presente do Santuário Nacional uma réplica da imagem de Nossa Senhora. A Igreja viu na homenagem que a agremiação fará aos 300 anos de Nossa Senhora de Aparecida uma oportunidade de evangelizar.
3. A “Vila Maria” contou com assessoria histórica direta do Santuário Nacional de Aparecida
Desde o primeiro momento em que a Arquidiocese de São Paulo foi procurada pela escola, colocou seu carnavalesco em contato direto com a assessoria do Santuário Nacional. Em Aparecida, a escola teve acesso a todos os materiais históricos e devocionais, para garantir que o enredo não tenha nenhum erro nessas categorias.
4. O enredo da “Vila Maria”, “Aparecida - a rainha do Brasil”, está fundamentado em orientações teológicas e pastorais a respeito das devoções marianas
O enredo é elaborado antes do samba ser escolhido, e na verdade serve como base para os compositores. Na apresentação do enredo, o carnavalesco Sidnei França explicou que sua intenção era que o samba e o próprio desfile da “Vila Maria” fossem uma grande oração e procissão a Nossa Senhora.
5. No samba-enredo vencedor, a palavra “adorando” foi substituída por “venerando”, após um pedido da Igreja
“É lindo ver o povo venerando, pagando promessas, em oração...”, diz o samba da “Vila Maria”. O samba vencedor, no entanto, era “é lindo ver o povo adorando...”. A Igreja Católica faz uma distinção entre adorar e venerar. E a adoração é restrita e exclusiva a Deus. A Nossa Senhora e aos santos o povo cultiva veneração. O pedido de alteração foi atendido sem problemas.
6. As fantasias das chamadas musas da escola, incluindo as da madrinha de bateria, não terão apelos eróticos
Parte que mais preocupava a comissão da Igreja, as fantasias das mulheres que irão desfilar em destaque não terão nudez ou decotes que sejam apelativos. A “Vila Maria” se comprometeu em realizar um desfile sem explorar o corpo da mulher.
7. É a primeira vez, aliás, que essas musas assinaram um documento em que se comprometem a mostrarem suas fantasias prontas 20 dias antes do desfile
As fantasias de destaque não são confeccionadas na escola, como as de alas. O carnavalesco desenha essas fantasias e as próprias mulheres as confeccionam em ateliês de sua confiança. O comum é que a escola só veja essas fantasias no dia do desfile, mas, para garantir que seja cumprido o que foi orientado, os destaques da “Vila Maria” estão apresentando suas fantasias já prontas antes do desfile da escola, para que possam adequá-las caso seja necessário. As que não apresentarem, não poderão desfilar.
8. A Unidos de Vila Maria não fará no seu desfile qualquer alusão ao sincretismo religioso
A Igreja Católica Apostólica Romana é certamente a primeira a incentivar o diálogo ecumênico e inter-religioso. E é por isso mesmo que entende que o diálogo exige respeito por cada identidade. O sincretismo mistura as manifestações e confunde o povo. Como a intenção da escola era uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida, a Igreja solicitou que outras crenças não fossem apresentadas como se fossem a mesma coisa.
9. A Igreja tem estado presente no barracão da escola com frequência
No dia 19/1, o Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, visitou a quadra da Escola de Samba Unidos da Vila Maria para visitar os trabalhos sociais da Escola e conhecer de perto a preparação das alegorias do carnaval da agremiação que, neste ano, contará a história de Nossa Senhora Aparecida em seu enredo. Na ocasião, Dom Odilo reiterou as orientações para que o desfile da Escola não desrespeite a fé e a religiosidade dos católicos e sua devoção a Nossa Senhora Aparecida.
10. Réplica do Santuário Nacional no sambódromo
A última alegoria do desfile da "Vila Maria" vai trazer uma grande réplica da Basílica do Santuário Nacional de Aparecida. Segundo o diretor do barracão, Carlos Reis, a escola se preocupou com cada detalhe e até o número de janelas do templo - mais de 700 - estará reproduzido com fidelidade no carro.
Via Arquidiocese de São Paulo
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