Presidente
da Câmara afirma que legalização do aborto e direitos dos homossexuais “não são
a agenda do País”, rejeita regulação da mídia e critica a articulação política
do governo
Na primeira semana como presidente, Cunha
avançou na discussão de uma proposta de reforma política que garante o
financiamento de campanhas por empresas privadas, condenado pela maioria dos
petistas. Também instalou a CPI da Petrobrás, que voltará a investigar o esquema
de corrupção na estatal.
O deputado está decidido sobre o que quer
votar e também sobre os temas que não aceita levar ao plenário, como a
legalização do aborto, a união civil de pessoas do mesmo sexo e a regulação da
mídia. “Aborto e regulação da mídia só serão votados passando por cima do meu
cadáver”, diz, irredutível, o deputado cristão de 56 anos.. Diante da reação negativa de militantes de movimentos em
defesa dos direitos dos homossexuais à sua eleição, Cunha não faz concessões.
“Não tenho que ser bonzinho. Eles querem que esta seja a agenda do País, mas
não é”.
No fim do ano passado, o deputado teve o nome
citado pelo doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, que investiga
o esquema de pagamento de propina e desvio de dinheiro na Petrobrás. Youssef
depois enviou esclarecimento à Justiça dizendo não ter relação com Cunha. O
presidente da Câmara reitera não ter ligação com a rede de corrupção da estatal
e diz estar tranquilo para qualquer investigação.
Confira
um trecho de sua entrevista:
Os
movimentos de defesa dos homossexuais, de defesa dos direitos humanos e das
mulheres temem que o senhor não dê andamento a projeto de interesse dessas
categorias. Como o senhor vai agir?
Que projetos?
Há
vários projetos de garantias de direitos dos homossexuais, de legalização do
aborto.
Isso é mais discurso. Para pautar um projeto,
ele tem que ter apoio suficiente. Não tenho que ser bonzinho. Eles querem que
isso seja a agenda do País, mas não é. Não tem um projeto deles na pauta para
ir a votação. Tenho que me preocupar com o que a sociedade está pedindo e não é
isso.
O
senhor tem uma posição pessoal contra o casamento gay, a legalização aborto.
Isso vai interferir na condução dessas matérias?
Aborto eu não vou pautar (para votação) nem
que a vaca tussa. Vai ter que passar por cima do meu cadáver para votar. Aborto
e regulação de mídia, só passando por cima do meu cadáver. O último projeto de
aborto eu derrubei na Comissão de Constituição e Justiça. Regulação econômica
de mídia já existe. Você não pode ter mais de cinco geradoras de televisão. No
aborto, sou radical.
Mas
o aborto não é um tema para o Congresso discutir?
Por quê? Quem está pedindo para ser
discutido?
O
Congresso representa a sociedade e parte dela quer discutir a legalização do
aborto.
Qual é a parte do Congresso que está pedindo?
Isso é uma minoria.
Fonte: Estadão
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