Conheça a belíssima história de São Francisco com a igreja de Nossa
Senhora dos Anjos da Porciúncula.
A história da igreja de Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula é um
capítulo importante da vida de Giovanni di Pietro di Bernardone, que
ficaria mundialmente conhecido como São Francisco de Assis.
Este Santo homem, pequeno em estatura, humilde no pensamento e menor
por vocação, “escolheu para si e para os seus um pedacinho do mundo,
enquanto aqui tinha de viver, pois não poderia servir a Cristo sem ter
alguma coisa do mundo. E não foi sem presciência do oráculo divino que o
lugar se chamou Porciúncula (pequena porção) desde os tempos antigos,
lugar que deveria caber por sorte àqueles que deste mundo não queriam
ter quase nada”. Nele foi construída uma igreja dedicada a Santíssima
Virgem Maria, que por sua humildade singular mereceu ser cabeça de todos
os santos logo depois de seu Filho.
Em Santa Maria dos Anjos teve início a Ordem dos Frades Menores, aí se
levantou a nobre estrutura de inumerável multidão de irmãos, como que
sobre um fundamento estável. “O santo teve uma preferência especial por
esse lugar, quis que os frades o venerassem de maneira toda particular e
quis que fosse conservado como espelho de toda a sua Ordem na humildade
e na altíssima pobreza, deixando sua propriedade para outros e
reservando para si e para os seus apenas o uso”.
São Francisco recebeu de Cristo a ordem de restaurar a sua Igreja e
literalmente restaurou três igrejas. O Pai Seráfico primeiramente
restaurou a igreja de São Damião. Como filho autêntico da obediência,
pôs-se a trabalhar e a mendigar o material necessário para a reforma.
“Por amor de Cristo pobre e crucificado, ele vai pedindo esmola sem
qualquer vergonha junto àqueles mesmos que o haviam conhecido como
grande senhor”. Apesar de fraco e extenuado pelos severos jejuns que
aplicava a si mesmo, carregava nas costas pesados fardos de pedras. Com
a ajuda de Deus e a cooperação do povo, Francisco conseguiu enfim
terminar a restauração da igreja de São Damião. Para não ficar de braços
cruzados, começou e terminou a reconstrução de outra igreja, dedicada a
São Pedro, situada bem distante da cidade de Assis. Mas, o Reconstrutor
da Igreja ainda não havia terminado a sua obra-prima.
Depois de reconstruir a igreja de São Pedro, Francisco chegou a um
lugar chamado Porciúncula, onde existia uma velha igreja dedicada a
Virgem Mãe de Deus, que estava abandonada, sem ninguém que dela
cuidasse. “Francisco era grande devoto de Maria Senhora do Mundo, e
quando viu a igreja naquele desamparo, começou a morar aí
permanentemente a fim de poder restaurá-la”. O Santo foi agraciado com a
visita frequente dos santos anjos, o que aliás não estranhava, uma vez
que a igreja se chamava Santa Maria dos Anjos. Ele se fixou neste local
por causa de seu respeito pelos anjos e de seu amor a Mãe de Jesus.
“Sempre amou esse lugar acima de qualquer outro no mundo, pois foi aí
que ele principiou humildemente, progrediu na virtude e atingiu a
culminância da felicidade. Foi esse lugar que ele confiou aos Irmãos ao
morrer como particularmente caro a Santíssima Virgem”.
A respeito da pequena igreja de Nossa Senhora dos Anjos, um dos frades
menores teve uma visão antes de sua conversão. “Viu ele em volta dessa
igreja uma multidão incalculável de pobres cegos, de joelhos, braços
erguidos e semblantes voltados para o céu; com gritos e lágrimas,
imploravam todos misericórdia e a luz dos olhos. E eis que uma luz
brilhante desceu do céu e os envolveu a todos restituindo-lhes a visão e
a saúde que almejavam”. Neste lugar santo, Francisco fundou a Ordem dos
Frades Menores, por inspiração de Deus. A divina Providência fez o Pobre
de Assis restaurar três igrejas antes de fundar a Ordem e começar a
pregar o Evangelho. Francesco progrediu das coisas materiais em direção
às realizações mais espirituais, das coisas menores às maiores, na
devida ordem. Tudo isso foi sinal profético da obra que Francisco
realizaria mais tarde, pela Providência de Deus. Pois, “a Igreja que
devia restaurar não era a de pedra, mas a própria Igreja de Cristo,
enfraquecida na época pelas divisões, heresias e pelo apego de seus
líderes às riquezas e ao poder”.
Na Porciúncula, se observava a disciplina mais rígida, tanto no
silêncio e no trabalho, quanto em todas as outras práticas regulares dos
frades. “Ninguém podia entrar, a não ser frades especialmente designados
que, reunidos de todas as partes, o santo queria que fossem
verdadeiramente devotados a Deus e perfeitos em tudo. Para todas as
pessoas seculares, a entrada estava absolutamente fechada. Não queria
que os frades que lá moravam, limitados a um certo número, poluíssem
seus ouvidos com relacionamento dos seculares, para não deixarem a
meditação das coisas celestes, arrastados para coisas inferiores pelos
espalhadores de boatos. Nesse lugar ninguém podia dizer coisas ociosas,
nem narrar as que tinham sido contadas por outros. Quando isso
acontecia, aplicava-se ao culpado, para correção, uma pena salutar. Os
que ali moravam ocupavam-se, dia e noite, com os louvores divinos,
levando uma vida angelical, cujo perfume admirável se espalhava por toda
parte”. O local era muito apropriado para semelhante vivência de fé e de
santidade, pois, conforme diziam os antigos moradores, também se chamava
Santa Maria dos Anjos. São Francisco dizia que lhe tinha sido revelado
por Deus que Nossa Senhora tinha uma particular predileção por aquele
lugar entre todas as outras igrejas construídas no mundo em sua honra.
Por isso, o Santo gostava mais dela que de outras igrejas.
O Pobre de Assis, no final de sua vida terrena, dois anos depois de
receber os estigmas sagrados, vinte anos após sua conversão, “trabalhado
sob os golpes redobrados das angústias e enfermidades, como pedra
destinada a entrar na construção da Jerusalém celeste, batido pelo
martelo de múltiplas tribulações, devia ser elevado ao cume da
perfeição”. Percebendo que se aproximava o fim de sua vida aqui na
Terra, Francisco pediu que o conduzissem a Santa Maria dos Anjos da
Porciúncula, a fim de exalar o seu último suspiro, naquele lugar onde
anos antes recebera tão abundantemente os dons do Espirito. São
Francisco de Assis tinha um amor indizível pela Mãe de Cristo, porque
fez nosso Irmão o Senhor da majestade. O Pobre de Assis consagrava a
Virgem dos Anjos louvores especiais, orações, afetos, tantos e tais que
nenhuma língua humana poderia contar. Para grande alegria dos
franciscanos, o Servo dos Leprosos constituiu Nossa Senhora como
Advogada da sua Ordem e, à sua proteção e guia, confiou até o fim os
filhos que ia deixar à Advogada dos pobres. São Francisco de Assis,
rogai por nós!
Oração a Nossa Senhora dos Anjos
Ó Nossa Senhora dos Anjos, na pequena Igreja da Porciúncula, São
Francisco recebeu as vossas bênçãos generosas juntamente com sua Ordem.
Ele depositara na vossa presença materna uma grande confiança e devoção,
sendo atendido em seus pedidos. Continuai a dispensar os vossos favores
sobre nós e sobre nossas necessidades particulares. Nós vos suplicamos,
dai-nos a graça da penitência dos pecados, a correção de nossas más
inclinações e fortalecimento nos momentos de fraqueza. Quantos recusam a
salvação e preferem caminhar nas trevas do erro! Tudo é possível para
aquele que crer, para aquele que se arrepender! Vós, ó Mãe,
manifestastes a São Francisco o grande desejo de reconciliar os
pecadores com Jesus, que se entregou em uma cruz para nos salvar. Rogai
por nós, agora e na hora de nossa morte. Por isso, com todos os anjos do
céu, vos saudamos: Ave Maria…
Nossa Senhora dos Anjos, rogai por nós!
via Canção Nova
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