Floribeth acredita em milagres. O cérebro dela é muito
parecido com o meu e com o seu só até o dia em que ela começou a sentir algo
estranho. Ela ainda não sabia que havia alguma coisa errada lá dentro. “Eu
perdi os movimentos do lado esquerdo do corpo. Era muito difícil caminhar,
andava agarrada nas paredes”, conta a empresária Floribeth Mora.
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Floribeth Mora |
Floribeth acredita em milagres. O cérebro dela é muito
parecido com o meu e com o seu só até o dia em que ela começou a sentir algo
estranho. Ela ainda não sabia que havia alguma coisa errada lá dentro.
“Eu perdi os movimentos do lado esquerdo do corpo. Era muito difícil caminhar, andava agarrada nas paredes”, conta a empresária Floribeth Mora.
Em abril de 2011, ela foi parar na emergência do
hospital. “A Floribeth teve um aneurisma fusiforme, quando existe dilatação da
artéria. É o tipo mais raro que existe e o tratamento é muito complexo”,
explica o médico Alejandro Vargas Román.
Na Costa Rica, não há o equipamento cirúrgico necessário
para fazer a cirurgia na Floribeth. Ela teria que viajar ao exterior. Só que a
família não tinha dinheiro nem para viajar e muito menos para pagar a estadia
num hospital lá fora. Eles não tiveram então que se contentar em sair daqui,
voltar para casa e esperar.
“Eu falava para o meu marido: ‘eu não quero morrer. Não me deixa morrer’”, conta Floribeth.
Floribeth ficou meses na cama. Os médicos decidiram controlar a dor com remédios que a faziam dormir o tempo todo.
“Eu via os meus filhos e os meus netos entrando no quarto
e colocando a mão em cima de mim para saber se eu ainda tava respirando. Quando
sentia que a minha hora de ir estava perto, eu rezava a Deus e pedia: ‘dá-me
força, porque tenho medo’”, afirma ela.
Floribeth tinha 48 anos. Olhou ao seu redor e se segurou
em duas coisas. Primeiro, o marido, os cinco filhos e os seis netos. Depois,
numa devoção que começou há tempo. “Eu tinha 20 anos, quando João Paulo II veio
à Costa Rica em 83. Todos vimos que ele era um homem extraordinário”, conta.
Desde que passou por aqui, o papa João Paulo II
conquistou o país na América Central. Na frente da principal catedral da capital
San José, uma estátua de Karol Wojtyła.
E, na casa de Floribeth, as imagens do Papa estão por
todo canto, inclusive naquele quarto onde ela estava no dia 1º de maio de 2011,
quando o papa João Paulo II foi beatificado.
“Eu sentia que ele podia me ajudar. Comecei a rezar:
‘João Paulo, você que está tão perto de Deus, escute minhas súplicas, que não
me quero morrer’. Foi quando ouvi ele dizer: ‘levanta!’ E suas mãos saíram
dessa foto que eu pedi pra colocar na frente da minha cama. E a voz repetia:
‘levanta! não tenhas medo!’”, relembra Floribeth.
Floribeth não podia andar, mas se levantou e, se
escorando nas paredes, foi até a cozinha.“Meu marido me perguntou: ‘o que você
tá fazendo aqui? E eu disse, tô me sentindo bem!’”, conta.
Daí pra frente, dia após dia, pouco a pouco, ela foi recuperando os movimentos. Sete meses depois, voltou ao hospital.
“Fiquei surpreso. Não consegui achar uma explicação
médica. O dano no cérebro tinha desaparecido. Foi realmente um milagre”, conta
o médico Alejandro Román.
Floribeth se recuperou e resolveu contar a história. Na
página de João Paulo II na internet, ela escreveu o que tinha acontecido. Um
mês depois, recebeu uma ligação do Vaticano. Um mês depois disso, saiu da Costa
Rica pela primeira vez. Ela foi a Roma.
No hospital do Vaticano, em novembro de 2012, Floribeth
passou por uma bateria de exames para comprovar que estava curada. E, de volta
à Costa Rica, recebeu a visita de um grupo de postuladores de milagres. Eles
vieram à casa dela investigar cada detalhe a vida da miraculada.
Poucos dias depois, eles se reuniram com a alta cúpula da
igreja na Costa Rica e assinaram os papéis. Na Igreja Católica, o que aconteceu
foi realmente um milagre e uma resposta a um pedido antigo de milhões de fiéis.
Daquela multidão nunca vista antes na cidade romana, saíram os gritos de santo súbito. Era 2 de abril de 2005 e um dos papas mais populares da história estava morto. Num pontificado longo – 26 anos, 5 meses e 17 dias – ele juntou multidões ao redor do mundo.
No Brasil, o Papa Wojtyła esteve quatro vezes. Em
Curitiba, onde vive uma grande comunidade polonesa, foi construído um bosque em
homenagem a ele.
Depois da sua morte e da apoteose da praça, o processo
para torná-lo santo foi encurtado. O então sucessor do Papa Bento XVI, dispensou
os cinco anos exigidos para o início do reconhecimento da santidade de João
Paulo II. Uma cura inexplicável, que os cristãos chamam de milagre, foi
atribuída a ele.
A freira francesa Marie Simon-Pierre curou-se completamente do Mal de Parkinson, a mesma doença da qual o papa polonês foi vítima.
São muitas as etapas de estudos e investigações para
tornar santo um pontífice. Alguns teólogos importantes foram contrários à
canonização de João Paulo II.
O vaticanista e escritor Marco Politi lembra que ele foi acusado de ter acobertado alguns casos de pedofilia. Depois do reconhecimento do segundo milagre, de Floribeth, o Papa Francisco anunciou na última segunda-feira a canonização de João de Deus.
Outro grande personagem da igreja moderna vai virar
santo, João XXIII, conhecido como o “Papa Bom”. A cerimônia de canonização dos
dois papas será em 27 de abril do ano que vem.
Neste dia, Floribeth voltará a Roma. Até lá, agradece ao
Papa num altar que construiu em casa. Bem perto da foto de João Paulo II, estão
os exames que atestaram sua cura.
“Só Deus sabe porque fui a escolhida. Eu não sou
importante. Eu só fui um instrumento para mostrar que milagres existem”,
explica a fiel.
Floribeth acredita em milagres. “Os milagres estão por
toda a parte. O sol, todas as manhãs… As pessoas não conseguem enxergar porque
já são parte da rotina. Temos que dar importância à vida, porque a vida é um
milagre”, afirma.
A seguir postamos um vídeo da Rede Século 21:
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