O comerciante de Descalvado (SP) Sudmar Franzin, de 49 anos, que viveu momentos de desespero junto com um instrutor durante um salto de parapente, no Rio de Janeiro, disse nesta segunda-feira (26) ao G1 que não ficou com nenhum trauma após o ocorrido. "Eu voaria de novo. Com o tempo limpo sim, mas com nuvens não”, ressaltou. No dia 17 de agosto, ambos ficaram durante quatro minutos no meio de uma nuvem. O caso ganhou repercussão depois que um amigo do comerciante postou o vídeo do salto na internet.
Franzin isentou o instrutor de qualquer culpa pelo
incidente e, para ele, tudo não passou de uma 'infelicidade'. “Na hora que fui
pular, o tempo estava limpo, estava aberto. Com uns 5 minutos de voo veio essa
neblina, que fechou em cima da gente, e veio uma rajada de vento que nos levou
para dentro da nuvem”, disse.
Ele também disse que não pretende processar o
instrutor ou o clube responsável. “O instrutor me convidou novamente para voar
no domingo (18), se o tempo estivesse bom. Eu falei que iria. No domingo,
depois da meia maratona, ele me ligou, mas o tempo estava muito ruim. Fiquei
com medo, mas eu voaria de novo só para tirar isso da cabeça. Com o tempo limpo
sim, mas com nuvens não”, afirmou.
Depois da divulgação do vídeo, o instrutor procurou
o comerciante para falar sobre a repercussão e para perguntar como ele estava.
"Eu falei para ele que eu estava bem, mas ainda estava com dor de cabeça e
tontura. Fiquei uns quatro dias assim. Eu não quero julgar, mas eu fiquei
chateado, porque isso atrapalhou a carreira e a vida dele", disse Franzin.
Desespero e reza
Apesar da aparente calma no vídeo, o comerciante
disse que entrou em desespero. “Na hora que ouvi o instrutor falar ‘meu Deus’.
Ali eu já vi que o negócio era sério. Até pousar teve muito problema lá no
alto. O medo de bater nas montanhas era terrível. A gente não sabia o que ia
encontrar. Fechei o olho e o instrutor começou a rezar. Na hora passou tudo
pela minha cabeça. A gente não sabia o que ia encontrar”, afirmou.
O comerciante disse que também rezou, mas em
pensamento e ficou preocupado quando o instrutor perguntou se ele sabia nadar.
"Tenho que agradecer muito a Deus por estar vivo. Eu sei nadar, mas tive
medo de cair no mar e não conseguir me soltar do equipamento. Eu sabia que se
isso acontecesse ia ser fatal”, disse.
Falhas
O instrutor de voo livre Luiz Gonzaga Pereira de Souza, de 57 anos, disse, nesta segunda-feira (26) ao G1, que não falhou durante o procedimento, que durou 13 minutos. “Eu não falhei. Eu estava atento, não considero erro. Poderia acontecer com qualquer um. Eu fui surpreendido pelas condições meteorológicas. Eu virei um sanduíche”, falou. Ele foi suspenso por tempo indeterminado do Clube São Conrado de Voo Livre. Souza ainda terá a licença de voo reavaliada e vai passar por um curso de reciclagem.
O instrutor de voo livre Luiz Gonzaga Pereira de Souza, de 57 anos, disse, nesta segunda-feira (26) ao G1, que não falhou durante o procedimento, que durou 13 minutos. “Eu não falhei. Eu estava atento, não considero erro. Poderia acontecer com qualquer um. Eu fui surpreendido pelas condições meteorológicas. Eu virei um sanduíche”, falou. Ele foi suspenso por tempo indeterminado do Clube São Conrado de Voo Livre. Souza ainda terá a licença de voo reavaliada e vai passar por um curso de reciclagem.
Souza disse que pediu a oração porque já tinha
esgotado as condições como piloto. "Como piloto fiquei esgotado de
manobras. Ali era o Luiz Gonzaga ser humano. Eu apelei para Deus. Eu senti
minha vida ao léu. Em 18 anos de voo nunca vivi essa situação”, disse o
instrutor que viajou a Belo Horizonte (MG) para visitar a família.
Segundo o vice-presidente do Clube São Conrado de
Voo Livre, Augusto Prates, houve excesso de confiança por parte do instrutor.
“Na realidade, ele estava tão senhor da situação que ele deixou procedimentos
básicos de segurança: primeiro não ir para a praia, não seguir um procedimento
em teto baixo, que é você ir para a praia. Segundo, que ele largou os comandos
e pegou a máquina e filmou e largou, quando se deu conta perdeu a referência em
função de entrar na nuvem”, comentou Prates.
Souza se defende das alegações de Prates. “Se o voo estiver seguro, o instrutor pode retirar as mãos. A previsão do tempo estava ótima. Eu poderia ter ido direto para a praia, mas quis proporcionar um voo mais longo. O clube está mais preocupado com si próprio do que comigo, que sou associado”, contou.
Uma lei federal, de 1986, proíbe que os voos duplos sejam vendidos como voos panorâmicos. O Clube São Conrado de Voo Livre nega que cometa essa prática e diz que todos os voos fazem parte de um curso e que cabe ao aluno seguir com o treinamento depois do primeiro salto. Souza alega que o voo não foi duplo ou panorâmico; "Fiz um voo de instrução, o que é permitido", explicou.
O salto
No dia do incidente as condições do vento eram
boas. Mas as nuvens estavam muito baixas. A orientação para os instrutores era
que voassem direto para a praia, onde o céu estava mais limpo.
Não foi o que aconteceu. O instrutor deu voltas em
torno da Pedra Bonita. Numa delas, lá no alto, se vê outro instrutor, também
desobedecendo as orientações de voar baixo, em direção à praia.
As imagens mostram que Gonzaga solta uma das mãos
do comando do parapente para ajustar o capacete. Em seguida, retira também a
outra mão para utilizar a câmera de vídeo.
De repente, um susto: os dois vão parar dentro de
uma nuvem. O vento era forte o parapente balançava. O instrutor começa manobra,
mas o parapente balança e o turista se desequilibra. São momentos de tensão. O
instrutor chega a pedir pra desligar a câmera e rezam uma “Ave Maria”.
Via G1
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