Escuta, decisão e ação. Palavras que indicam um caminho diante do que o Senhor espera de nós, disse o Papa
Kelen Galvan
Da Redação
Da Redação
Nesta sexta-feira, 31, na conclusão do mês de maio, dedicado à Virgem Maria, e dia em que a Igreja celebra a Festa da Visitação de Nossa Senhora, o Papa Francisco rezou o Terço com os fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Em cada dezena, uma pequena meditação sobre os mistérios dolorosos e cantos marianos motivava os fiéis. Durante a oração, a imagem de Nossa Senhora foi levada em procissão com um andor até o Santo Padre.
No final da oração, o Santo Padre dirigiu algumas palavras aos presentes meditando sobre a Visitação de Maria à sua prima Isabel. Papa Francisco sintetizou sua reflexão sobre esse episódio narrado em Lc1, 39-56) em três palavras: escuta, decisão e ação. “Palavras que indicam também um caminho para nós diante do que o Senhor espera de nós”, destacou.
Sobre a escuta, o Papa explicou que Maria sabe ouvir a Deus com atenção. “Uma atenção que não é superficial, mas é ouvir com acolhida, com disponibilidade para com Deus, não é o modo distraído como muitas vezes nos colocamos diante de Deus e dos outros”, disse.
A segunda palavra destacada por Francisco é “decisão”. O Santo Padre explica que Maria não “vive com pressa, mas quando necessário ela vai rapidamente. Ela não evita o esforço de decidir, seja na escolha fundamental que mudará sua vida – Faça-se em mim segundo Tua palavra – ou nas cotidianas – como nas núpcias de Caná.
Muitas vezes, disse o Papa, achamos difícil tomar decisões, preferimos adiá-las, deixar que outros decidam por nós. “Maria vai contra a corrente, se coloca em escuta de Deus, reflete e procura compreender a realidade e decide confiar totalmente em Deus”.
A terceira palavra é a “ação”. “Maria põe-se em viagem e foi depressa”, narra o Evangelho. Papa Francisco destacou que, apesar das críticas que Maria poderia ter recebido, ela não se detém, mas parte depressa. “Maria não se deixa questionar pelo momento, mas pergunta o que Deus quer? Ela não demora mas vai adiante”.
“A ação de Maria é uma consequência de sua obediência às palavras do anjo”, reforçou o Pontífice.
Em seguida, o Papa Francisco levantou-se para fazer uma pequena oração à Nossa Senhora, pedindo à ela, que abra nossos ouvidos para ouvir as Palavras do Seu Filho Jesus, que ilumine nossa mente para saber obedecê-Lo sem hesitar e nos guie para que possamos nos mover depressa em direção aos outros, “para que possamos levar ao mundo a Luz do Evangelho”.
Logo após, concedeu a todos sua benção Apostólica e agradeceu os presentes pela oração do Terço e pela comunhão.
Mensagem – Encerramento do mês mariano
Praça de São Pedro, Vaticano
Sexta-feira, 31 de maio de 2013
Praça de São Pedro, Vaticano
Sexta-feira, 31 de maio de 2013
CTV
Transcrição: Kelen Galvan
Transcrição: Kelen Galvan
Irmãos e irmãs
Rezamos juntos o Santo Rosário, percorremos os acontecimentos do caminho de Jesus, nossa salvação, e dividimos com aquela que com sua mão segura nos conduz ao seu Filho Jesus.
Rezamos juntos o Santo Rosário, percorremos os acontecimentos do caminho de Jesus, nossa salvação, e dividimos com aquela que com sua mão segura nos conduz ao seu Filho Jesus.
Hoje celebramos a Festa da Visitação de Maria a sua prima Isabel. Quero meditar convosco este mistério que mostra como Maria enfrenta o caminho de sua vida com grande realismo, humanidade e concretude.
Três palavras sintetizam o comportamento de Maria: escuta, decisão e ação. Palavras que indicam um caminho, também para nós, diante do que o Senhor nos pede na vida. Escuta, decisão, ação.
Escuta. De onde nasce o gesto de Maria de ir a prima Isabel? De uma palavra do Anjo de Deus: “Isabel, tua parente, em sua velhice concebeu um filho” (Lc1,36). Maria sabe ouvir Deus. Atenção não é um simples ouvir superficial mas é ouvir cheio de atenção, com acolhida, disponibilidade para com Deus. Não é o modo distraído com o qual, às vezes, nos colocamos diante do Senhor ou de outros. Escutamos a Palavra, mas não ouvimos verdadeiramente.
Maria está atenta a Deus, escuta a Deus, mas Maria escuta também os fatos, lê os acontecimentos de sua vida. Está atenta a realidade concreta e não fica na superfície, mas vai ao profundo para acolher o significado.
A parente Isabel, que já é idosa, espera um filho. Esse é o fato. Mas Maria está atenta ao significado, sabe acolhê-lo: “Nada é impossível a Deus” (Lc1,37).
Isso vale também para nossa vida. Escuto Deus que nos fala, escuto também a realidade diária, atenção às pessoas, aos fatos, porque o Senhor está à porta de nossas vidas e bate de muitos modos. Coloca sinais em nosso caminho, a nós, cabe a capacidade de vê-los.
Maria é a mãe da escuta. Escuta atenta de Deus. Escuta, do mesmo atento, aos acontecimentos da vida.
A segunda palavra Decisão. Maria não vive da pressa, da ânsia, mas como destaca São Lucas “meditava todas essas coisas no seu coração” (Lc2,19). Também no momento decisivo da anunciação do Anjo (cf. Lc1,26ss) ela também pergunta “como acontecerá isso?”, mas não se detém nem mesmo no momento da reflexão, dá um passo a mais: decide.
Ela não vive da pressa, mas apenas quando é necessário vai rapidamente. Maria não se deixa arrastar pelos acontecimentos. Não evita o esforço de decidir. Isso acontece seja na escolha fundamental que mudará sua vida – “Eis aqui a escrava do Senhor”-, seja nas escolhas mais cotidianas, mas também ricas de significado.
Vem à minha mente o episódio das núpcias de Caná (cf Jo2,1-11). Aqui também se pode ver o realismo, a humanidade e concretude de Maria, que faz atenção aos fatos e aos problemas. Ela vê e compreende a dificuldade daqueles dois jovens esposos, em cuja festa faltou vinho. Ela reflete e sabe que Jesus poderia fazer alguma coisa, por isso decide dirigir-se ao seu Filho, para que Ele pudesse intervir. “Eles não tem mais vinho”, decide.
Na vida é difícil tomar decisões, muitas vezes procuramos adiá-las e deixar que os outros decidam por nós, muitas vezes preferimos deixar-nos arrastar pelos acontecimentos e seguir a moda do momento. Às vezes sabemos o que devemos fazer, porém não temos coragem ou então porque nos parece muito difícil, por parecer andar contra a corrente.
Maria, na anunciação, na visitação, nas bodas de Caná, vai contra a corrente. Maria vai contra a corrente. Ela se coloca à escuta de Deus, reflete e procura compreender a realidade e decide confiar totalmente em Deus.
Decide visitar, embora estivesse grávida, sua parente idosa. Decide confiar no Filho, com insistência, para salvar a alegria das núpcias.
A terceira palavra Ação. “Maria pôs-se em viagem e foi depressa”.
Domingo passado eu colocava em destaque este modo de agir de Maria. Apesar das dificuldades, das críticas que teria recebido pela decisão de partir, não se detém diante de nada, ela parte depressa. É a oracao diante de Deus, que fala.
Domingo passado eu colocava em destaque este modo de agir de Maria. Apesar das dificuldades, das críticas que teria recebido pela decisão de partir, não se detém diante de nada, ela parte depressa. É a oracao diante de Deus, que fala.
Ao refletir e meditar sobre os acontecimentos da sua vida, Maria não tem pressa, não se deixa questionar pelo momento, não se deixa arrastar pelos acontecimentos, mas ela pergunta: “O que Deus quer?” Ela não demora, não se atrasa, mas vai adiante.
Santo Ambrósio comenta: “a graça do Espírito Santo não comporta lentidão”.
A ação de Maria é uma consequência de sua obediência às palavras do Anjo, mas unidade à caridade. Ela vai até Isabel para ser-lhe útil. Esta sua saída de casa, de si mesma, por amor, carrega o que tem de mais precioso: Jesus. Ela carrega seu Filho.
Às vezes, também nós paramos para escutar, para refletir o que devemos fazer, talvez até tenhamos clara a decisão que devemos tomar, mas nao passamos a ação, tampouco colocamos em jogo nós mesmos, ao agir depressa em relação aos outros, para levar-lhes a nossa ajuda, a nossa compreensão, a nossa caridade.
Para levarmos nós mesmos, como Maria, o que temos de mais precioso e o que recebemos: Jesus e o seu Evangelho, mediante a Palavra e, sobretudo, mediante o testemunho concreto de nossa ação.
(Papa se levanta para rezar…)
Maria, mulher da escuta, da decisão, da ação.
Maria, mulher da escuta, abri nossos ouvidos, fazei com que saibamos ouvir a Palavra do vosso Filho Jesus, entre as tantas palavras desse mundo. Fazei que saibamos perceber a realidade em que vivemos, ouvir as pessoas que encontramos, especialmente aquela pobre, necessitada, em dificuldade.
Maria, mulher da decisão, iluminai as nossas mentes e os nossos corações para que saibamos obedecer a Palavra do vosso Filho Jesus sem hesitação. Dai-nos a coragem de decidir, de não nos deixar arrastar pelos que tentam orientar a nossa vida.
Maria, mulher da ação, fazei que as nossas mãos e pés se movam depressa em direção aos outros, para que possamos levar-lhes a caridade e o amor de vosso Filho Jesus. Para levarmos ao mundo, como vós, a luz do Evangelho. Amém.
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