O vazio interior, a solidão…



O ser humano sempre tentou preencher seu vazio interior, sua solidão, seu desejo de felicidade. 

Todos nós temos um vazio em nosso interior, uma solidão, que procuramos preencher de alguma forma. Esse vazio é uma espécie de desejo de realização, de felicidade, que os filósofos já tratavam há mais de dois mil anos atrás. Tentamos preencher esse vazio, esse desejo de ser feliz, com coisas materiais, com roupas, com objetos, com dinheiro, com poder. Mas, essas coisas não são capazes de preencher esse sentimento de vazio interior. Buscamos preencher este vazio com as pessoas, com relacionamentos temporários ou até mesmo duradouros, mas percebemos que esse vazio ainda não foi preenchido, a felicidade não chegou. Por mais que sejamos bem sucedidos na vida, no amor, na constituição de uma família, nos estudos, no trabalho, na sociedade como um todo, esse vazio interior, esse sentimento de solidão permanece.



Santo Agostinho conhecia a filosofia grega e aquilo que os gregos pensavam sobre essa busca pela realização humana, pela felicidade. Ele incansavelmente buscou essa felicidade tanto na teoria, através da filosofia, como na prática, na sua realização profissional como orador, mas também na busca pelo prazer, para tentar ser feliz, encontrar a sua realização. Porém, essa busca foi em vão, pois nenhuma dessas coisas é capaz de preencher nosso vazio interior, de nos dar a felicidade que desejamos.

Essa busca de Agostinho, que se refletia em sua busca pela verdade, o levou até Santo Ambrósio. Este o ajudou a compreender que esse vazio interior, essa sede de felicidade é o lugar onde nos encontramos com Deus. Sua célebre frase expressa essa realidade com simplicidade, mas também com a profundidade de sua experiência concreta com o Senhor: Fizeste-nos para Vós, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós! (cf. Confissões, I, 1, 1). O Santo descobriu que esse vazio interior, a solidão que sentia, só podia ser preenchido por Deus e ninguém mais. Pois, somos feitos por Deus e para Deus, por isso, nada que está fora de nós pode nos preencher. Somente Deus, que está presente em todo o universo, em toda a criação, e está presente também em nosso interior, pode preencher esse vazio. Agostinho chega a dizer que Deus está mais próximo de nós, do que nós de nós mesmos, “interior intimo meo et superior summo meo” (Confissões, III, 6, 11). Somente Deus, que está no mais íntimo do nosso interior, segundo o Santo, pode saciar esse vazio de nossa alma.

Antes de Agostinho, Jesus Cristo já falava desse vazio interior em outros termos. Ele disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6, 35). Jesus é o Pão da vida, que desceu do Céu para dar vida ao mundo (cf. Jo 6, 33). Ele se faz presente em nós pelo Espírito Santo, e por Ele somos capazes de clamar a Deus como Pai: “Abba! Pai!” (Gl 4, 6). O Espírito preenche o vazio de Deus em nosso interior, mas ainda não plenamente. Pois, como bem falou Agostinho: “Fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em ti” (Confissões, I, 1, 1). Nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Deus e isso só acontecerá de maneira definitiva no Reino dos Céus.




Assim, enquanto não repousamos definitivamente em Deus busquemos saciar nosso vazio, nossa fome e nossa sede de Deus no silêncio, na oração e nos Sacramentos, especialmente no Pão descido do Céu, que é a Eucaristia. Acreditemos em Jesus Cristo, que pelo Seu Espírito, sacia nossa sede de Deus. Nessa busca por saciar esse vazio, essa solidão, façamos também uma experiência com a Virgem Maria, aquela que é a “cheia de graça” (cf. Lc 1, 28). Peçamos a ela o Espírito de seu Filho Jesus Cristo e entremos em comunhão com a Santíssima Trindade. Pois, a comunhão com a Trindade, segundo Agostinho em seu livro “A vida feliz”, é a verdadeira felicidade. Nessa comunhão, já experimentaremos um pouco daquilo que viveremos no Céu, na Jerusalém celeste, onde será preenchido todo nosso vazio interior.

Via CN
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