Padre proíbe barulho e conversa em voz alta dentro de Santuário e revolta alguns fiéis


Turistas e visitantes que chegam ao Santuário de Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais (SP), se deparam com uma recepção um tanto inusitada no local que abriga o maior acervo sacro do pintor Cândido Portinari: logo na entrada da igreja, uma placa de 'silêncio' sugere a conduta a ser tomada durante a visitação das obras.



Sob a justificativa de que conversas e explanações sobre as obras podem atrapalhar fiéis que estejam rezando no local, o pároco responsável pela igreja, Pedro Bartolomeu, proibiu até as visitas monitoradas no santuário.

Agora, quem visita a igreja só pode esclarecer dúvidas com o guia que fica do lado de fora. Um folheto com as orientações de comportamento é entregue logo na entrada, e sugere que o visitante seja discreto ao admirar as obras - caso contrário, o turista pode até ser retirado do local.



A situação divide opiniões na cidade. Procurado, o padre não concedeu entrevista. O advogado do santuário informou que após a restauração das obras o movimento na igreja aumentou, e por isso a medida foi necessária.



De acordo com o secretário de Turismo do município, Antônio Carlos Correa, a pasta tem trabalhado em conjunto com a Cúria do santuário para tentar adequar as visitações sem que haja qualquer problema em relação à atenção dos fiéis que frequentam o local.

"Alguns ajustes foram colocados pelo pároco e nós acreditamos que é possível alinhar as coisas. É importante os turistas entenderem que em alguns momentos, como celebrações e orações de fiéis, seria interessante esse respeito ao silêncio. Mas também é importante encontrar um ponto que possa possibilitar o acesso dos turistas idependentemente do sectarismo religioso", afirma.

Opiniões divididas

Para a aposentada Sebastiana Rosa Viale, frequentadora assídua da igreja, a iniciativa do padre é válida. Segundo ela, as conversas incomodam os fiéis. "Eu acho que está certo. Venho rezar e tem muita gente que fala, a gente não sabe o que faz. Atrapalha, fica olhando para trás. Dentro da igreja precisa de silêncio. O padre tem toda razão", diz.



Já a professora Terezinha de Jesus Saltarelli reconhece que as visitas, por ocorrerem dentro de uma igreja, demandam maior cuidado. No entanto, ela afirma que é preciso bom senso tanto dos visitantes quanto dos fiéis.

"Toda igreja precisa de silêncio para que a pessoa possa se concentrar para rezar. Fica uma coisa polêmica. Mas acho que são circunstâncias que cada um tem que entender. Tem um guia maravilhoso aqui em Batatais. Ele conhece bem as telas, explica bem e gosta disso. O visitante precisa de um respaldo também", afirma.

A advogada Marli Fiocco acredita que a medida não terá sucesso. "Não entendo o porquê disso. Em qualquer lugar as pessoas visitam locais e têm um guia para explicar as obras, a história. Acho que isso prejudica a visitação. Às vezes você vê algo na tela e quer uma explicação. Isso não vai funcionar", conclui.


Via G1
COMPARTILHE COM SEUS AMIGOS


Comentários