9 chaves para entender o documento “A alegria do amor”, do Papa Francisco


Amoris laetitia (AL), A alegria do amor: Sobre o amor na família, foi publicada hoje (8/4) pelo Vaticano em meio a uma imensa expectativa desde os sínodos sobre a família realizados em 2014 e 2015. Nesse documento, o Papa Francisco convida a compreender, acompanhar, integrar e ter os braços abertos para os que sofrem (AL 312).

Neste esperado documento pastoral, brilha o ‘Papa pároco’, que abra as portas do templo da misericórdia a todos. De fato, quem não é um filho, irmão, ou, no caso, pai ou mãe, avô ou avó, sem importar a situação ou o quão afastado possa se sentir da Igreja?
Trata-se de um hino ao amor que mescla tradição e coragem evangélica para lançar luz, nestes tempos difíceis, sobre a beleza da vida familiar, mas sempre com uma visão esperançosa na construção de um mundo onde ninguém se sinta sozinho (AL 321), e conciliadora, porque a família, afinal, é sonho de Deus.
Os simpatizantes de uma postura ou de outra, antes de lançar críticas gratuitas, têm diante de si um árduo trabalho de “discernimento” (palavra chave do texto), já que o documento recolhe os resultados de dois sínodos, cujas relações conclusivas são longamente citadas, junto aos documentos e ensinamentos de seus antecessores e as catequeses sobre a família, do próprio Francisco.
Neste sentido, o Papa afirma que nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas com intervenções do magistério. Francisco não se apresenta como um pontífice com varinha mágica.
A seguir, apresentamos 9 questões chave do documento do Papa Francisco “A alegria do amor”. Logicamente, não temos a pretensão de abraçar todos os temas, ademais porque impressiona por sua amplitude (são 270 páginas).
Na introdução, o Papa convida a uma leitura meditada e sem pressa, para que as pessoas prestem atenção àquilo que mais corresponde às suas necessidades específicas.
A exortação Evangelii Gaudium e a encíclica Laudato Sí eram documentos com uma voz específica: a do Papa Francisco. Já este novo documento, Amoris Laetitia, aparece como um concerto pastoral, uma orquestra dirigida pelo Papa.



1. A quem o Papa se dirige com A alegria do amor
A todos os católicos e seus pastores. A Igreja faz um esforço para estar perto dos casais e dos pais de família na educação dos filhos. O primeiro capítulo dá destaque ao Evangelho. A Bíblia está povoada de famílias, de gerações, de histórias de amor e de crises familiares (AL 8). A família não é um ideal, mas um trabalho artesanal (AL 16).

2. O que se diz sobre a comunhão para os divorciados que vivem numa nova união?
A mensagem do Papa é de que não há receitas. Por quê? Porque cada caso é único e merece atenção personalizada.
Os divorciados que vivem numa nova união e os casais que vivem junto sem se casar são convidados à Igreja, a entrar em diálogo com o pároco e com o bispo. A partir daí se tomam decisões em consciência e caso por caso.

3. Então qual é a novidade?
Trata-se de atender à vocação da família em tempos difíceis. Uma abertura a mais à fragilidade.
Atenção ao oitavo capítulo, que trata da misericórdia e do discernimento pastoral diante de situações “irregulares” ou “complexas” (AL 298). Ali se apresenta a necessária gradualidade na pastoral, a importância do discernimento, das normas e das circunstância.
O Papa fala da “lógica da misericórdia pastoral” e pede que se evitem julgamentos que não levem em consideração a complexidade das diversas situações (AL 296). E fala de que cada pessoa encontre a maneira de participar da comunidade eclesial, para que se sinta objeto duma misericórdia imerecida, incondicional e gratuita (AL 297).

4. O que significa discernir?
O Papa quer uma Igreja que escute a pessoa que se sente ferida. Uma Igreja que faça o discernimento em cada situação e evite julgamentos (AL 296). Por isso, não há receitas ou truques. É uma busca humilde e sincera da vontade de Deus.

5. Isso significa que há mudança na doutrina?  
A tradição da Igreja não muda. Ela se propõe a apresentar a verdade e a caridade do Evangelho. Jesus teve misericórdia dos pecadores e fazia refeições com eles.

6. O que o documento fala sobre os homossexuais? 
A Igreja pede respeito e dignidade para eles. Não muda o ensinamento. Desse modo, condena todo tipo de discriminação injusta e condena particularmente toda forma de agressão e violência. Pede atenção às famílias que têm em seu seio pessoas com tendências homossexuais. E o documento confirma o casamento indissolúvel entre um homem e uma mulher (AL 251).



7. E as pessoas que não estão casadas? 
O documento também se dirige aos pais e mães sós, viúvos e viúvas, homens e mulheres solteiras. Toda pessoa é um filho ou uma filha; todos têm uma história familiar; todos provaram a alegria da família; todos conhecem alguém que passou situações difíceis e dolorosas.

8. Ter muitos ou poucos filhos?
O terceiro capítulo está dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja sobre o casamento e a família. A resposta: Humanae Vitae e paternidade responsável (AL 68). São os esposos em diálogo e abertos à vontade de Deus que tomam a decisão (AL 222).

9. Qual é o maior desafio de Amoris laetitia?
O maior desafio é ler sem pressa e colocar em prática. Convida-nos a ser compreensivos frente a situações complexas e dolorosas. O Papa Francisco quer compaixão e não julgamentos. Amor pelos frágeis e descobrir a força da ternura (AL 308).
Ademais, explica: hoje, mais importante que uma pastoral dos fracassos, é o esforço pastoral para consolidar os casamentos e assim prevenir rupturas (AL 307).
“A alegria do amor” não é uma lista de regras ou condenações. Uma rápida leitura de seus conteúdos nos confirma que, quando o Papa Francisco fala de trabalho artesanal, ele o faz em referência à riqueza e à complexidade das relações familiares.
É um documento de esperança e de amor pela família como sinal de misericórdia.

Fonte: Aleteia Team

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