Mídia, pra variar, manipula mais uma vez as palavras do Papa sobre “contraceptivos”


Pra variar, pinçaram ideologicamente o que lhes interessava dizer. A pergunta em questão foi essa aqui, feita por Paloma Garcia, da “Cope” (uma agência de notícias espanhola):



Santo Padre, há algumas semanas há muita preocupação em muitos países latino-americanos, mas também na Europa, sobre o vírus “Zika”. O risco maior seria para as mulheres grávidas: há angustia. Algumas autoridades propuseram o aborto, ou de se evitar a gravidez. Neste caso, a Igreja pode levar em consideração o conceito de “entre os males, o menor”?
Papa Francisco: O aborto não é um “mal menor”. É um crime. É descartar um para salvar o outro. É aquilo que a máfia faz, eh? É um crime. É um mal absoluto.
Sobre “mal menor”: mas, evitar a gravidez é – falemos em termos de conflito entre o quinto e o sexto Mandamento. Paulo VI, o Grande!, em uma situação difícil, na África, permitiu às religiosas de usar anticoncepcionais para os casos de violência. Não confundir o mal de evitar a gravidez, sozinho, com o aborto. O aborto não é um problema teológico: é um problema humano, é um problema médico. Mata-se uma pessoa para salvar uma outra – nos melhores dos casos. Ou por conforto, não? Vai contra o Juramento de Hipócrates que os médicos devem fazer. É um mal em si mesmo, mas não é um mal religioso, ao início: não, é um mal humano. Além disso, evidentemente, já que é um mal humano – como todos assassinatos – é condenado. Ao invés, evitar a gravidez não é um mal absoluto: e, em certos casos, como neste, como naquele que mencionei do Beato Paulo VI, era claro. Ainda, eu exortaria os médicos para que façam tudo para encontrar as vacinas contra estes dois mosquitos que trazem este mal: sobre isto se deve trabalhar. Obrigado.
Eu sei, eu sei… você leu, leu, leu e, no final das contas, ficou com a impressão de que ele disse isso mesmo, não foi? A questão é que ele se deteve em comparar o sexto com o quinto mandamento. E deixou claro: o aborto não é um problema religioso, é humano, porque tem a ver com assassinato, com escolher quem pode e quem não pode viver. É um crime!
A questão da contracepção acaba sendo menos grave (do ponto de vista não-religioso), porque é um problema teológico. É pecado. Mas você ainda está vivo pra poder consertar, ao contrário do aborto que é irreversível.
Dom Odilo Scherer fez exatamente a mesma observação em uma entrevista há pouco tempo atrás (Entrevista Dom Odilo). Ele coloca o aborto como crime e a contracepção como problema de liberdade. Só lembrando que optar por esperar um pouco para engravidar, não envolve necessariamente contracepção, já que pode ser feito por continência ou Método Billings!


O CASO DAS FREIRAS
Ok, ok… eles estão certíssimos. Mas e a questão das freiras? Não dá a entender que o Papa liberou a contracepção? Sim, se você for um jornalista ávido por uma declaração bombástica e pouco comprometido com a verdade dos fatos.
O caso das freiras liberadas por Paulo VI para tomar contraceptivos é muito extremo. As freiras estavam na iminência de serem violentadas sexualmente e, para evitar um mal maior ainda, foram autorizadas a utilizar pílulas anticoncepcionais. Lembrando que o sexo para um católico deve carregar duas características: unitiva e procriativa, coisa que só é possível de maneira responsável dentro do sagrado laço do Matrimônio. Obviamente, um estupro não se enquadra no que a Igreja entende como sexo (com finalidade unitiva e procriativa), logo, não há porque se estar aberto à vida. Mas essa é uma questão pontual, não uma regra! Tanto que precisou da aprovação de Paulo VI.
Aliás, vale acrescentar que, neste episódio, Paulo VI também recomendou que as freiras que porventura engravidassem devido à violência sexual, tivessem seus filhos, abandonassem o convento e assumissem sua maternidade. Ou seja, nada de aborto!
É claro que ser estuprada em guerra é completamente diferente de evitar o vírus Zika. Por isso, vale a orientação final do Papa Francisco:
Ainda, eu exortaria os médicos para que façam tudo para encontrar as vacinas contra estes dois mosquitos que trazem este mal: sobre isto se deve trabalhar.
Resumindo: aborto é crime, usar contraceptivos é pecado que pode ser tolerado em casos muito extremos e o Zika não é um deles – que se procure uma vacina.
Ponto final. O resto é tentativa de manipulação ideológica das palavras do Papa!
Leia a íntegra da entrevista clicando aqui.
Fonte: O catequista.

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