Maria, imagem da compaixão de Deus


A Virgem Maria é imagem da compaixão de Deus pelos sofrimentos da humanidade.

A Virgem Maria é imagem da compaixão de Deus pelos sofrimentos da humanidade, pois associou-se, de modo único, ao mistério pascal de Cristo. Durante toda a sua vida, “Maria é preparada para o mistério da cruz, que não termina simplesmente no Gólgota. O seu Filho permanece sinal de contradição e ela é mantida até o fim na dor da contradição, no sofrimento da maternidade messiânica” (Joseph Ratzinger, Maria, Primeira Igreja, p. 75). Participando das dores do seu Filho, Nossa Senhora torna-se capaz de compadecer-se dos sofrimentos de toda a humanidade.



Na imagem da Mãe sofredora, que tem o Crucificado nos seus braços, “nesta mãe compadecida os sofredores de todos os tempos viram a imagem mais pura da compaixão divina, que é a única verdadeira consolação. Pois toda a dor, todo o sofrimento é, na sua essência última, solidão, perda de amor, felicidade destruída pelo inaceitável. Só o ‘com’ da com-paixão pode curar a dor. […] Deus não pode padecer, mas pode compadecer-se” (Idem, ibidem). Há uma paixão muito íntima em Deus, que é a sua própria natureza: o amor. Por ser Amor, não é estranho a Deus o sofrimento sob a forma de compaixão. Nesse sentido, “a Cruz de Cristo é a compaixão de Deus pelo mundo” (Idem, p. 76).
No Antigo Testamento, a compaixão de Deus se expressa em hebraico pela palavra rahamim, que significa seio materno. Esta palavra exprime o estar “com” o outro, a aptidão humana de estar presente com o outro, recebê-lo, sustentá-lo, dar-lhe vida enquanto ser assumido. “Com uma palavra da linguagem do corpo, o Antigo Testamento diz-nos como Deus nos acolhe, e nos sustenta com um amor de compaixão. […] A imagem da Pietá, a mãe que chora o filho morto, tornou-se na tradução viva desta palavra: nela se torna manifesto o sofrimento maternal de Deus.” (Idem, ibidem).
Na imagem da Mãe lacrimosa, imagem da rahamim de Deus, a imagem da cruz se cumpre inteiramente, porque a cruz é assumida, a cruz é compartilhada no amor que nos permite, na sua compaixão maternal, experimentar a compaixão de Deus. “A dor da mãe é dor pascal que já opera a abertura da transformação da morte à presença salvífica do amor” (Idem, p. 77). A alegria da Anunciação está presente no mistério da cruz, pois a verdadeira alegria nos permite ousar o êxodo do amor até ao íntimo da santidade ardente de Deus. Esta alegria verdadeira não é destruída pelo sofrimento, mas é levada por ele à sua maturidade.
Assim, a Mãe da Igreja permanece conosco, com todos aqueles que estão unidos a Cristo, solidária aos nossos sofrimentos. Pois, como todos nós a Virgem Maria passou por muitos sofrimentos e contradições. Ela viveu momentos de dúvidas, incertezas, angústias, diante do mistério da cruz de Cristo presente em sua vida. Nossa Senhora sabe o que é sofrer, por isso é capaz de compadecer-se de nossos sofrimentos. A compaixão materna da Virgem da Piedade é imagem da compaixão de Deus. Com amor de Mãe, Nossa Senhora nos ajuda a experimentar a maturidade do amor e da alegria através dos sofrimentos.  

via CN 
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