A falta de fé


Desde o início, Jesus se deparou com a falta de fé e de entendimento a respeito da Sua Palavra por parte dos discípulos.

Vendo-lhes a falta de fé, Jesus Cristo disse aos discípulos de Emaús: “como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar em sua glória?” (Lc 24, 25-26). O Senhor falou dessa forma com os dois discípulos porque Ele tantas vezes já havia dito que deveria sofrer e ser entregue na mãos dos homens, antes de entrar na Sua glória. Por seu conhecimento das Escrituras e dos Seus ensinamentos, estes deveriam ser mestres. No entanto, eles estavam desanimados pois as suas expectativas não se cumpriram (cf. Lc 24, 21).
Esta talvez seja também a nossa situação e, como os discípulos de Emaús, estamos nos lamentando pelas coisas que achamos que deveriam ter acontecido e não aconteceram. Aquilo que pensávamos ser a vontade de Deus para nós não se realizou, estamos desamparados, perdemos as esperanças. Como Jesus apareceu a Cléofas e ao outros discípulo (cf. Lc 24, 16-18), Ele também nos visita hoje para nos falar: “como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo que os profetas falaram!” (Lc 24, 25). Esta Palavra talvez seja um pouco dura para nós ouvirmos, mas expressa a indignação de um pai que gastou o melhor de suas forças para ensinar seu filho e este não entendeu nada daquilo que ele lhe ensinou.
Hoje, mais do que nunca, Jesus nos convida a crer na Palavra de Deus, mas também na Tradição no Magistério da Igreja, que tanto nos ensinou e continua a nos ensinar. Somos chamados a crer nas promessas de Deus que nos foram feitas pelos profetas, mas também e principalmente naquelas que nos foram feitas pelo próprio Cristo na Sua Palavra. Talvez estamos decepcionados com o Senhor porque esperávamos uma vida fácil, sem dificuldades, depois da nossa conversão. Ou ainda, perdemos as esperanças porque não conseguimos resolver os nossos problemas, pedimos a Deus uma solução e esta não veio.
Quando nos deparamos com a realidade do sofrimento queremos fugir. Não queremos enfrentá-lo. Foi o que aconteceu com aqueles dois discípulos, estavam tristes (cf. Lc 24, 17) e certamente se lamentavam porque não se cumpriram suas expectativas. Nos coloquemos diante de Jesus e como aqueles dois homens, falemos a Ele daquilo que estamos passando, as nossas angústias interiores, os nossos sofrimentos. Talvez Cristo não tire os nossos sofrimentos, mas certamente nos ajudará a carregá-los. O que mais importa é que, se estamos sofrendo, nos assemelhamos ao Senhor, que sofreu os tormentos da cruz antes de entrar na Sua glória (cf. Lc 24, 26). Unamos os nossos sofrimentos aos de Jesus crucificado, para que um dia nos alegremos com o Jesus Ressuscitado no Reino dos Céus.
Assim, acreditemos que Jesus Cristo venceu a morte e está na Sua glória, aguardando o tempo da Sua segunda vinda, na qual virá resgatar aqueles que são seus (cf. Ap 22, 17-21). Nessa expectativa pela segunda vinda de Jesus, não desanimemos por causa dos sofrimentos, das contrariedades que passamos. Unamos nossos sofrimentos aos de Cristo, oferecendo-os no altar da Sua cruz salvadora. Junto à cruz de Jesus está a Virgem Maria, que se compadeceu pelas dores de seu Filho e tem compaixão também pelos nossos sofrimentos. Acolhamos Nossa Senhora em nossa casa como nossa Mãe, como fez o discípulo amado (cf. Jo 19, 27). Da mesma forma que Maria ajudou os primeiros apóstolos e discípulos (cf. At 1, 14), ela nos ajudará a sermos fiéis, a carregar a nossa cruz e seguir Jesus Cristo.
Fonte: Canção Nova